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A moeda é capim


Por Flávio Lauria

02/08/2023 18h52 — em
Espaço Crítico


Foto: Reprodução / Pixabay

De que serve um angélico sorriso para desfazer o vitupério escatológico dos farisaicos políticos? Estamos herdando a pecúnia designando numerário, que significa gado, e somos tidos como animais irracionais, cuja moeda nos é dada igual ao capim. O salário mínimo, quarenta e quatro reais por dia. Que necessidades vitais são essas como preceitua o artigo sétimo da Constituição? Por infelicidade nossa, a classe capitalista domina a massa proletária por interposição dos poderes sociais, jurídico e econômico. A Rui Barbosa, uma das maiores faculdades intelectuais brasileiras, os políticos pouco davam atenção, e os de pouca instrução o ignoravam.

Apenas os de cultura literária o admiravam. Pela extremada conduta que exerceu e a coragem continuadamente tida em dizer a verdade, era limitada sua votação, não aceitando as trapacices eleiçoeiras arquitetadas por aviltantes candidatos. Infelizmente, os Três Poderes violam o cumprimento constitucional quando é contra o interesse deles. E o que Rui dizia, hoje não é respeitado. “Onde quer que haja um direito violado, há de haver um recurso judicial para debelação da injustiça”. O nosso desditoso povo vive fermentado pelo desprezo da capciosa política. O excesso de juridicidade, como atualmente está ocorrendo, é contraproducente. “Faça-se justiça, porém de modo mais humano possível, para que o mundo progrida, e jamais pereça”, como bem pensou Rodolf Stammler. O juiz mui rígido na administração da justiça ofende a prudente intenção do legislador, e incomoda os povos.

Agora mesmo fui vitima de um entendimento de juiz, onde o Banco me cobrava a seis anos uma tal de “cesta de serviços” e o juiz, diminuiu o prazo para dois anos. Interpretação errônea e de acordo com o entendimento do juiz, mas e a justiça, aonde fica? No Brasil, quem é importante tem privilégio. Quem não o é, vai condenado, mesmo que nada tenha cometido. Atualmente vivemos em meio de uma política de castrados morais. Se forem retiradas as vantagens do básico do funcionário concursado, alguns já aposentados, vão receber menos ou igual ao salário mínimo. No rodapé dos comprovantes de rendimentos dos funcionários aposentados, ou não, é observado que o servidor colabore com suas idéias através do E-mail. Isso jamais será aceito.

O aumento do mínimo poderia sim ser para R$ 3.500,00. Teria também um aspecto de justiça, pois deputados e senadores acabaram de aprovar para eles mesmos um forte aumento no salário, contando com cerca de R$ 350.000,00 mil por mês, compreendendo um salário de modestos R$ 41.650,92, mais verba de gabinete, verba indenizatória, auxílio-moradia, passagens aéreas, despesas com telefone e postagem de cartas, carros oficiais com motorista, plano de saúde nacional e internacional e outras vantagens. Pois alguns reais a mais para mim ou para você que me lê podem não significar nada. Mas, para muita gente serão preciosos pães a mais na mesa e preciosos litros de leite a mais na geladeira. Curioso: diferentemente dos parcos reais do salário mínimo, os fartos reais da remuneração dos parlamentares e outras castas brasileiras, não causam dano às contas públicas. Será que no Brasil os números não são frios, como se diz costumeiramente, mas, muito caprichosos?

 

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