Lendo o depoimento do general de reserva Mario Fernandes no dia de ontem, sobre o plano denominado “Punhal verde e Amarelo”, fico a pensar: quando um articulista ou escritor, ou poeta, digitaliza seus pensamentos, tornando-os factíveis no papel ou computador, não é um “pensamento digitalizado”?. Claro que é, a diferença é que quando se escreve, defendendo ou atacando alguma ideia, política ou corrupto, não se está pensando em “neutralizar”, ou seja, “matar” alguém.

O plano não era uma ficção, havia a ideia de se manter no poder contra a decisão soberana do povo.

Não entro no lado ideológico de esquerda ou de direita, só não posso concordar com uma organização criminosa, com uma violenta e sórdida trama golpista confirmada pelo autor do plano.

Aí, vejo o advogado do general golpista culpar a imprensa, ou melhor a mídia. Ainda bem que existe a imprensa, cumprindo seu papel social, denunciando escândalos e arranjos inaceitáveis, tem seu trabalho desqualificado por todos aqueles que, perturbados e incomodados em seu ofício de fazer com que as mãos sejam maiores que os bolsos, transporta o fardo de os preços dos bois das excelências não se entenderem contabilmente com os documentos oficiais.

Aceitemos, então, que a culpa seja da imprensa, desde que possa continuar publicando os descaminhos nacionais, entre eles as 400 obras federais paralisadas, depois de centenas de milhões de reais terem sido gastos sem que se saibam exatamente os motivos, que denuncie o golpe tentado, e que continue digitalizando ou pautando os absurdos impetrados nesse país de Alice, onde os personagens são sátiras da sociedade da época, exacerbando uma simbologia subversiva, um jeito de viver fora do sistema opressor, ensaiando saídas sobre o que nos é imposto cotidianamente.

Pronto, digitalizei meu pensamento.