A ignorância na condução da cultura
Fico impressionado como são colocados em locais como Secretarias, sejam Estaduais ou Municipais, pessoas sem a menor qualificação para sentar na cadeira de Secretário, principalmente no caso de Secretarias de Cultura. Outro dia, em conversa com amigo, comentei que alguns “secretários de cultura”, se falarmos em vernissage, o interlocutor pode achar que estamos a lhe ofender. Literatura então? Nem pensar, nem a fábula, Fernão, Capelo Gaivota, chegou a ler.
Mas falando em literatura, lembro que não existe literatura de que apenas há notícia, nos repertórios bibliográficos ou quejandos livros de erudição e consulta. Uma literatura, e às modernas de após a imprensa me refiro, só existe pelas obras que vivem, pelo livro lido, de valor efetivo e permanente e não momentâneo e contingente.
A literatura brasileira (como aliás sua mãe, a portuguesa) é uma literatura de livros na máxima parte mortos, e sobretudo de nomes, nomes em penca, insignificantes, sem alguma relação positiva com as obras. Estas, raríssimas são, até entre os letrados, os que ainda as versam. Não pode haver maior argumento da sua desvalia.
Respeitador do trabalho alheio, como todo o trabalhador honesto, mas sem confundir esse respeito com a condescendência camaradeira, estreme de animosidades pessoais ou de emulações profissionais, com o mínimo dos infalíveis preconceitos literários ou com a força de os dominar, desconfiado de sistemas e acertos categóricos, suficientemente instruído nas coisas literárias e uma visão própria, talvez demasiadamente pessoal, mas por isso mesmo interessante da vida.
Para não dizer que não falei de flores, como é que um Gestor da cultura, que nem interpretar sabe, pode conhecer, simbolismo, parnasianismo, pré-modernidade, modernidade, pós-modernidade. Sabe coisa nenhuma.
ASSUNTOS: Espaço Crítico