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Médica e técnica ficam 'cara a cara' em acareação para esclarecer erro que matou menino Benício

Por Portal Do Holanda

04/12/2025 9h38 — em
Amazonas


Foto: Reprodução/Neto Silva/Portal do Holanda

Manaus/AM - A médica Juliana Brasil Santos e a técnica de enfermagem Raiza Bentes Paiva devem ser colocadas frente a frente nesta quinta-feira (4) em uma acareação conduzida pela Polícia Civil do Amazonas. O procedimento ocorre após divergências nos depoimentos das duas profissionais sobre o atendimento prestado ao menino Benício Xavier, de 6 anos, que morreu após receber adrenalina por via intravenosa em um hospital particular de Manaus.

Segundo o delegado Marcelo Martins, titular do 24º Distrito Integrado de Polícia (DIP), as contradições entre os relatos tornaram necessária a confrontação direta para esclarecer a responsabilidade pela aplicação da medicação. O próprio relatório do hospital enviado à polícia indica que a médica reconheceu ter prescrito a adrenalina de forma incorreta, apontando o erro como determinante para o agravamento do quadro da criança.

A médica afirmou, em depoimento, que o registro da prescrição teria sido alterado automaticamente pelo sistema eletrônico do Hospital Santa Júlia, mudando a via inalatória para intravenosa sem que ela percebesse. A defesa apresentou um vídeo para apontar falhas na plataforma de prescrição, alegando que a instabilidade do sistema contribuiu para o erro. Já a técnica de enfermagem declarou ter seguido a prescrição médica à risca, afirmando que administrou a dose conforme estava registrado e que comunicou a mãe de Benício sobre o procedimento.

Raiza relatou que estava sozinha no atendimento, que mostrou a prescrição à família e que a médica teria admitido o erro posteriormente. A técnica disse ainda que aplicou apenas uma das três doses previstas e que, após a administração, o menino apresentou piora imediata, com palidez, dor no peito e queda na saturação. A criança sofreu seis paradas cardíacas e morreu horas depois, na madrugada de 23 de novembro.

O caso é investigado como homicídio doloso qualificado, e o Conselho Regional de Medicina do Amazonas (CREMAM) já abriu processo ético contra a médica. Tanto Juliana quanto Raiza foram afastadas pelo hospital. A polícia segue coletando depoimentos e analisando documentos para determinar se houve negligência ou falha sistêmica no atendimento que resultou na morte de Benício. 

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