Defesa de médica investigada pela morte de Benício alega "falhas sistêmicas"; vídeo
Manaus/AM - A defesa da médica Juliana Brasil Santos, investigada pela morte de Benício Xavier, de 6 anos, afirmou nesta quinta-feira (27) que a profissional está "profundamente abalada" e nega qualquer intenção ou indiferença diante do quadro da criança. A médica prestou depoimento no 24º Distrito Integrado de Polícia (DIP), em Manaus, e deixou a delegacia sem responder às perguntas da imprensa. Segundo o advogado Felipe Braga de Oliveira, a prioridade no momento é "garantir que a investigação esclareça todos os fatos com isenção".
Ao se pronunciar brevemente, o advogado declarou que a acusação de homicídio doloso não se sustenta pelas circunstâncias do caso. “Jamais um dolo eventual, por motivo cruel, como tem sido colocado. Nenhum médico, nenhum profissional de saúde sai de casa para matar ninguém ou para assumir o risco de matar”, afirmou. Braga também disse que a defesa sente "profundamente pela dor da família" e destacou que a discussão precisa ser tratada com responsabilidade.
Os advogados argumentam que há inconsistências na versão apresentada pela técnica de enfermagem e que vários pontos ainda precisam ser esclarecidos pela investigação. "Há depoimentos diversos, declarações diversas, erros diversos do sistema, falhas de dupla checagem e outros elementos que precisam ser apurados", completou Braga. A defesa reforçou que a médica permanece à disposição das autoridades e que já participou tanto da sindicância do hospital quanto das oitivas policiais.
Em outro trecho, o advogado afirmou que Juliana não é uma profissional inexperiente e que atuava rotineiramente no atendimento infantil. "Ela atua na pediatria há quase seis anos. Não é alguém despreparada ou que não conhece o ambiente clínico. Ela nunca deixou de colaborar com as investigações e não representa risco social algum", disse. A defesa ressaltou ainda que a própria Justiça entendeu que não havia elementos para uma prisão preventiva, concedendo habeas corpus que impede qualquer medida coercitiva.
A médica, que saiu da delegacia segurando um terço nas mãos, e preferiu não se pronunciar. A defesa afirma que ela seguirá colaborando, mas reforça que a investigação deve considerar todos os fatores que contribuíram para o desfecho. "É um problema multisistêmico, e a investigação trará à tona todos os responsáveis, todas as falhas e todas as circunstâncias que levaram ao ocorrido", concluiu o advogado.
A Polícia Civil informou que fará nova oitiva com acareação entre médica e técnica de enfermagem devido às divergências dos depoimentos.
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