Técnica de enfermagem envolvida no caso Benício tem só 7 meses de formada
Manaus/AM - A técnica de enfermagem Raiza Bentes, de 22 anos, envolvida no caso do menino Benício Xavier de Freitas, de 6 anos, tem apenas sete meses de formação. A informação foi confirmada por ela mesma após prestar depoimento na manhã desta sexta-feira (28) na 24ª Delegacia Integrada de Polícia (DIP), em Manaus. O relato dela confronta diretamente a versão apresentada pela defesa da médica Juliana Brasil Santos, investigada pela morte da criança. Segundo Raiza, a prescrição da medicação que teria causado a reação fatal estava clara e não deixava margem para interpretação.
Raiza chegou à delegacia por volta das 9h e permaneceu por mais de duas horas depor. Ao deixar o local, reforçou que a adrenalina estava prescrita para uso intravenoso e não para nebulização, como alegado pela médica. Ela afirmou ainda que chegou a informar a mãe do menino sobre essa orientação, quando a responsável questionou se havia alguma nebulização prevista. "A mãe perguntou se tinha uma nebulização pra fazer e eu falei que lá na prescrição médica não tinha nenhuma nebulização, que a adrenalina estava prescrita intravenoso," afirmou.
A técnica reconheceu ter aplicado a adrenalina apenas uma vez, apesar de a prescrição indicar três administrações, com intervalo de 30 minutos, e de forma “curo”, sem diluição. Ela também disse ter acionado imediatamente a médica quando percebeu que Benício havia reagido mal à medicação. Segundo o depoimento, a médica admitiu que havia cometido um erro na prescrição ao registrar a via incorreta no prontuário. "Eu informei que eu tinha administrado a medicação e que a criança tinha tido reação, né? E ela falou para eu aguardar.", disse Raiza.
Raiza relatou que a médica demorou a comparecer à sala onde a criança estava e que, quando chegou, teria adotado uma postura de cobrança e buscado apontar culpados. De acordo com ela, a Juliana chegou a questionar a mãe do menino sobre uma suposta nebulização, tentando justificar a prescrição equivocada. "Quando ela chegou, já chegou tentando encontrar culpados. Ela chegou até a indagar a mãe, dizendo: eu não disse que era pra fazer nebulização?"
Com pouca experiência profissional, Raiza defendeu sua conduta e afirmou ter seguido rigorosamente o que estava documentado. Ela enfatizou que técnicos de enfermagem não podem realizar procedimentos sem a devida prescrição médica e que, mesmo que houvesse orientação verbal para nebulização, ela só poderia executá-la se estivesse registrada no prontuário. O caso segue sob investigação. "A gente não faz nada que não tenha prescrição médica. Ainda que a médica chegasse falando pra eu fazer a nebulização, eu só posso fazer se houver prescrição médica", finalizou.
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