Polícia investiga suspeita de adulteração de provas por médica em caso Benício
Manaus/AM - A Polícia Civil do Amazonas investiga uma possível tentativa de adulteração de provas por parte da médica Juliana Brasil Santos, responsável pela prescrição incorreta de adrenalina que levou à morte de Benício Xavier, de 6 anos, em um hospital particular de Manaus. A informação foi confirmada nesta quarta-feira (3) pelo delegado Marcelo Martins, titular do 24º Distrito Integrado de Polícia (DIP), que conduz o caso.
Benício morreu na madrugada de 23 de novembro após receber doses intravenosas do medicamento. A médica admitiu o erro em documento enviado à polícia e em mensagens trocadas com um colega, mas a defesa afirma que a confissão ocorreu “no calor do momento”. A Polícia Civil e o Ministério Público do Amazonas seguem investigando as circunstâncias da morte. Três profissionais de saúde ouvidos até agora relataram suspeitas de manipulação de evidências.
Segundo o delegado, novas diligências estão em andamento, incluindo acareações entre envolvidos. Ao longo desta quarta-feira, três pessoas seriam ouvidas, entre elas uma técnica de enfermagem que prestou depoimento por quase três horas. Outros seis profissionais haviam sido ouvidos no dia anterior, incluindo médicos e enfermeiros que estavam de plantão na UTI do Hospital Santa Júlia. A polícia também colheu depoimentos dos pais de Benício e do médico com quem Juliana trocou mensagens sobre o atendimento.
O Conselho Regional de Medicina do Amazonas abriu processo ético para apurar a conduta da médica. Em relatório enviado à PC-AM, Juliana reconheceu ter prescrito adrenalina na veia, mas afirmou que acreditava estar orientando o uso por via oral. A técnica de enfermagem responsável pela aplicação disse ter seguido o que constava no sistema do hospital. O delegado investiga o caso como homicídio doloso qualificado e pediu a prisão da médica, que permanece em liberdade por decisão judicial.
A defesa de Juliana sustenta que o erro aconteceu por falha do sistema eletrônico do hospital, alegando que a plataforma teria alterado automaticamente a via de administração registrada pela médica. Os advogados afirmam que a unidade já enfrentava instabilidades e apresentaram um vídeo que, segundo eles, comprova as falhas. O Hospital Santa Júlia informou que não irá se manifestar. Benício havia sido levado à unidade com suspeita de laringite e morreu após seis paradas cardíacas, horas depois de receber três doses de adrenalina intravenosa.
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