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Caso do menino Benício : erro médico ou falha do sistema?


Por Raimundo de Holanda

03/12/2025 19h22 — em
Bastidores da Política


  • A hipótese levantada pela defesa da médica Juliana Brasil — de que ela teria prescrito adrenalina por nebulização ao paciente Benício Xavier, e o sistema teria registrado intravenosa — ainda precisa ser investigada com rigor.
  • Nada está provado. Nada está concluído. Mas o simples fato de essa possibilidade existir já é grave o suficiente para exigir atenção.
  • Quando um software é capaz de alterar um dado essencial sem aviso claro e sem bloqueios, não estamos diante de erro humano: estamos diante de risco institucional.

Como se vê, o caso do menino Benício Xavier, vítima de suposta falha médica, ainda está longe de uma conclusão — e qualquer juízo definitivo seria precipitado e injusto. Mas uma coisa já está clara desde agora: a saúde digital não admite falhas. 

Em um hospital, um sistema eletrônico de prescrição não pode “errar”, não pode “alterar sozinho”, não pode “interpretar diferente”. 

Quando a tecnologia se torna parte do ato médico, ela precisa ser tão segura quanto o bisturi em uma cirurgia. Um sistema hospitalar não tem o direito de falhar — porque uma falha basta para custar uma vida.

Entretanto, o Hospital Santa Júlia não pode ser condenado por suposições, e a investigação deve seguir o curso correto, sem pressões e sem atalhos. 

Ao mesmo tempo, também não se pode tratar um eventual erro sistêmico como detalhe técnico. A morte de uma criança obriga uma investigação profunda — do processo, do protocolo, do sistema e de toda a arquitetura tecnológica que o sustenta. É um caso a ser desvendado com paciência, ciência e transparência.

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ASSUNTOS: benício xavier, erro médico, hospital santa júlia, juliana brasil

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.