Nenhum poder pode avançar além de seus limites
- Ao resistir a pressão do Planalto e ao sinalizar que não dará aval automático a Jorge Messias para o STF, o Senado emite uma mensagem ao governo Lula e ao Supremo: se vocês não revisarem seus excessos por dentro, nós o faremos por fora.
- O recado é menos sobre o indicado e mais sobre o lugar do Senado no arranjo de Poderes.
A indicação de Jorge Messias ao Supremo tornou-se um ponto de fricção em que o Senado tenta recuperar relevância depois de anos sendo espectador de movimentos expansivos do Judiciário.
O senador Davi Alcolumbre sinaliza que o Parlamento não aceita mais ser tratado como homologador automático das escolhas do Executivo.
Essa reação vem após um período em que o STF expandiu suas atribuições com investigações de ofício, sigilos que se arrastam e medidas cautelares tomadas sem o devido controle externo.
É nesse cenário que Alcolumbre percebe uma oportunidade. A sabatina de Messias, ainda que adiada, se converte em palco para restaurar a autoestima do Parlamento.
O gesto é a reafirmação de que nenhum Poder pode avançar além de seus limites sem provocar reação.
ASSUNTOS: A, Jorge Messias, Lula, STF
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.