"Não queria nem se levantar para ir ver a criança", diz testemunha do caso Benício
Manaus/AM – Testemunhas do caso Benício afirmaram à polícia que a médica Juliana Brasil Santos, responsável pelo atendimento do menino Benício Xavier, 6, agiu de forma "negligente e indiferente" enquanto o pai e uma técnica de enfermagem buscavam ajuda quando a criança começou a passar mal.
Conforme o delegado Marcelo Martins, um dos relatos mais contundentes veio de um pai que estava no hospital acompanhando outra criança e presenciou a cena desesperadora. Ele contou que, quando Benício começou a passar mal, a técnica de enfermagem acionou a médica, mas ela teria relutado em se levantar da mesa para verificar o estado do paciente.
"Nós tivemos o depoimento de uma testemunha presencial, que era um outro pai de uma outra criança que estava no local, e ele nos afirmou que ele percebeu essa característica na médica, que ela teria sido acionada pela técnica de enfermagem logo que a criança começou a passar mal e a médica não queria nem se levantar da mesa onde ela estava para ir ver a criança. Depois de insistência da técnica é que ela teria ido e depois e ela não demonstrou urgência em atender a criança".
Ainda conforme o depoimento, mesmo ao visualizar Benício em crise, a médica não teria adotado medidas imediatas, o que, na avaliação do delegado, caracteriza indiferença em relação à vida da vítima. Para ele, esse comportamento pode configurar dolo eventual, quando o agente assume o risco de produzir o resultado morte.
A defesa da médica, por outro lado, contesta essa versão. Os advogados alegam que ela teria ido prontamente ao atendimento para tentar reverter o quadro clínico da criança. As investigações seguem em andamento, com a coleta de novos depoimentos e análise de documentos fornecidos pelo Hospital Santa Júlia.
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