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Concessionária 'Mágoas de Manaus' passou dos limites


Por Raimundo de Holanda

20/08/2025 19h27 — em
Bastidores da Política


  • Deter o destemido e irresponsável furor da empresa em esburacar a cidade, destruir asfalto e impedir o livre trânsito de pessoas e veículos é um dever do poder público.

O quadro não é apenas de má prestação de serviço — é de afronta a direitos fundamentais.

A concessão dos serviços de água e esgoto em Manaus nasceu sob suspeita e se arrasta, até hoje, sob a mesma sombra de dúvidas. Passadas mais de quatro décadas, o que deveria ser progresso se converteu em mágoas: ruas tomadas por crateras, trânsito ainda mais caótico, bairros inteiros sem abastecimento, poeira, lama e cobranças indevidas. 

A cidade, com milhares de veículos e uma mobilidade já precária, vem sendo submetida a uma rotina de desordem urbana causada por obras conduzidas como se as ruas fossem propriedade privada da concessionária.

O quadro não é apenas de má prestação de serviço — é de afronta a direitos fundamentais. A população, que deveria ser a beneficiária do contrato, tornou-se refém de uma gestão desajustada, que viola normas de vizinhança, compromete o meio ambiente e fere a dignidade dos moradores.

Diante disso, impõe-se uma pergunta incômoda: a omissão do poder público é apenas negligência ou conveniência? Até hoje, os ensaios de atuação de órgãos de fiscalização se mostraram modestos, incapazes de enfrentar deveras o problema. É hora de reconhecer que a situação exige mais.

A Defensoria Pública, em sua missão constitucional, tem legitimidade para agir em defesa da coletividade, investigando e cobrando providências para que Manaus não fique dias sem água, com interdição de ruas e nem conviva com buracos intermináveis. O Ministério Público, por sua vez, não pode se limitar a acompanhar de longe: cabe-lhe questionar judicialml ente a adequação da concessão, a violação de códigos de postura, normas ambientais e o próprio interesse público.

A cidade não pode mais se ajoelhar diante de uma concessionária que opera como intocável. O silêncio oficial tornou-se corresponsável. Se nada mudar, a promessa de água e esgoto, que traria dignidade, seguirá alimentando apenas o lucro privado, enquanto Manaus continuará a colecionar buracos, mágoas e indignação.

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ASSUNTOS: Águas de Manaus, defensoria pública, ministério público

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.