Manaus/AM - A população de Manaus segue enfrentando problemas graves no fornecimento de água e tratamento de esgoto, segundo denúncias de moradores. O engenheiro eletricista Paulo Roberto da Silva, 64 anos, do bairro Dom Pedro, relata que a concessionária Águas de Manaus atua de forma ineficiente, desrespeitosa e até criminosa, cobrando por serviços que não presta e despejando esgoto de maneira irregular, comprometendo o solo e o lençol freático.

Paulo Roberto detalha que hidrômetros da concessionária registram ar em vez de água, o que resulta em contas elevadas mesmo durante períodos de falta do serviço. Ele afirma que, em sua residência, a cobrança de esgoto é feita mesmo sem conexão à rede, uma situação que considera "fraudulenta e inaceitável". "É totalmente impossível ter uma rede de esgoto na minha rua no local apropriado. Por quê? Porque, no local indicado, há apenas um canteiro de 80 cm, onde não existe boca de lobo que pudesse ser vedada com a profundidade adequada. Como esse pequeno canteiro é todo arborizado, o poder das raízes é muito grande. Elas já teriam estourado em diversos pontos, e essa água estaria sendo derramada no lençol freático. Será que precisa de um crime maior do que esse? Tem que colocar na cadeia esse pessoal da Águas de Manaus. Diretor, presidente, todos, porque eles são coniventes.", disse. 

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Além da cobrança indevida, o engenheiro denuncia a má qualidade do atendimento da empresa. Segundo ele, a concessionária mantém um sistema burocrático e desorganizado, onde técnicos e atendentes fornecem respostas evasivas e contraditórias. "Sou engenheiro e tenho que trabalhar para sustentar minha família, mas tenho que faltar ao serviço, como hoje. Eu faltei ao trabalho para vir aqui, porque era minha última esperança. Ir à Águas de Manaus nunca resolve nada. Eles mandam um técnico, o técnico dá o laudo a seu favor, mas eles não concordam e enviam outro corporativo, que vai lá e inventa desculpas. Ou seja, é uma situação absurda. O que me revolta mais é: cadê o Ministério Público? Manaus não tem Ministério Público? Se tem, não atua. O que eles ficam fazendo?", questionou revoltado. 

"Eu fiz a denúncia no Ministério Público através do site, enviei os documentos e declarei a reclamação de forma muito explícita, com todas as provas, mas jamais me responderam. Sabe? Ou seja, aqui nem resposta se obtém. É verdade. Parece que somos idiotas; ninguém tem o que fazer, só eles. E para ir à Águas de Manaus, é preciso agendar com muita antecedência. Quando você chega, não existe prioridade. Eu tenho 64 anos, não tenho prioridade? Quando você é atendido, é mal atendido por pessoas incapazes, que repassam o problema a terceiros. Esses terceiros também não respondem; e, quando respondem, dão respostas evasivas.", explicou.  

O descaso da Águas de Manaus não se limita às residências. Paulo Roberto alerta para o risco ambiental provocado pelo lançamento irregular de esgoto. Em sua rua, o sistema de coleta é improvisado, com caixas de passagem quebradas e esgoto correndo de forma inadequada, próximo a árvores e ao lençol freático. O engenheiro classifica a situação como um crime ambiental flagrante. "Eles fazem um serviço muito porco, com alguns dias o solo cede, aí vem aquela camada, vira buraco, vira mosquito, vira água empoçada, ou seja, Manaus tá jogada as moscas.". 

O engenheiro também criticou a cobrança desproporcional, que já chegou a dobrar de valor sem qualquer justificativa, mesmo diante de relatórios técnicos que comprovam falhas no medidor. Ele afirma que a empresa ignora provas e laudos, mantendo a população refém de contas abusivas e serviços ineficazes. "Olha, na minha casa somos eu e meus dois filhos. Meus filhos estudam o dia todo na UFAM, e eu trabalho. Como vou pagar R$ 500 de água? R$ 480? É esse valor que estou contestando, porque pago R$ 280 de água mais R$ 200 e pouco de esgoto — o esgoto que, por sinal, eu não utilizo. Mas olha, é desse jeito que funciona em Manaus. Sabe? Essa água de Manaus deveria ser penalizada. Eu vou querer receber tudo o que paguei indevidamente.". 

Paulo Roberto conclui sua denúncia afirmando que pretende buscar reparação pelos danos materiais e morais e cobra ação efetiva das autoridades. “É inaceitável que a população de Manaus continue pagando caro por um serviço falido, enquanto a concessionária age com impunidade, ignorando leis, normas e a saúde ambiental da cidade”, disse.

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