Manaus/AM - Moradores de Manaus têm relatado diariamente transtornos causados pelas obras da concessionária Águas de Manaus. Sob a justificativa de implantar novas redes de esgoto que, os trabalhos têm provocado barulho constante, lama, bloqueios no trânsito e até interrupções no fornecimento de água em pleno verão amazônico.

As queixas se intensificaram em bairros como o Japiim 2, onde obras realizadas entre a rua Waldamiro Lustoza e a rua D. 16 bloquearam o tráfego sem oferecer rotas alternativas sinalizadas. Moradores afirmam ainda que os funcionários não conseguem explicar detalhes da intervenção. Em uma das visitas da reportagem, um homem que se apresentou como engenheiro, mas estava sem identificação, disse não estar autorizado a falar pela concessionária.

Diante desse cenário de insatisfação, a fiscalização também aumentou. Dados da Agência Reguladora dos Serviços Públicos Delegados do Município de Manaus (Ageman) mostram que, de janeiro a julho de 2025, foram realizadas 1.661 fiscalizações nos serviços de água e esgoto da capital, um aumento de 172,7% em relação ao mesmo período de 2024, quando houve 609 inspeções. O número já supera o total de vistorias feitas em todo o ano passado, que foi de 1.106.

O maior salto ocorreu nas fiscalizações de esgotamento sanitário. Entre janeiro e julho deste ano, foram 1.119 vistorias, um crescimento de mais de 430% em relação às 211 registradas em 2024. As inspeções resultaram em 63 notificações à Águas de Manaus somente até agosto, sendo 35 relacionadas à má qualidade na recomposição do asfalto após obras de expansão da rede.

O descaso foi tanto que o próprio vice-prefeito e secretário de infraestrutura de Manaus, Renato Júnior, veio a público criticar o trabalho da concessionária. "A Águas de Manaus recebe recursos do consumidor, realiza um trabalho precário e ainda faz a Prefeitura gastar mais dinheiro para resolver problemas que eles mesmos criaram. Isso é justo?”, disse ele em um vídeo publicado nas redes sociais.

Vice-prefeito denuncia Águas de Manaus por destruir asfaltos recém-recuperados: "É justo?" 

Segundo a Ageman, dez dessas notificações se transformaram em autos de infração, que somaram R$ 2,4 milhões em multas aplicadas contra a concessionária. A agência informou que os valores estão em processo de liquidação e que novas fiscalizações seguem em andamento para verificar se as obras cumprem os padrões exigidos. 

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