Estudantes de diversas regiões do país estão organizando manifestações para este sábado (22) com o objetivo de pressionar pela anulação total do Enem 2025. A mobilização ganhou força nas redes sociais após o Inep cancelar apenas três questões do exame, mesmo após a divulgação de que um universitário, Edcley Teixeira, apresentou itens quase idênticos aos da prova em uma live no YouTube dias antes da aplicação do teste. As imagens geraram indignação entre candidatos e levantaram dúvidas sobre a lisura do processo.

O movimento, batizado de Anula Enem, articula protestos em capitais brasileiras, usando grupos no WhatsApp e Telegram para coordenar as ações. Em São Paulo, o ato está marcado para o Masp, na avenida Paulista. A estudante Letícia Araújo, 21, responsável pela criação do grupo inicial, afirma que decidiu organizar a mobilização ao perceber a repercussão nas redes sociais. Moradora do Rio de Janeiro e prestando o exame pela segunda vez, ela diz que a sensação de injustiça motivou a reação rápida dos colegas.

Os estudantes defendem a anulação completa da prova, a renovação do banco de itens e a responsabilização dos envolvidos no episódio. O caso ganhou ainda mais repercussão após viralizar o vídeo em que Edcley Teixeira, estudante de medicina da Universidade Federal do Ceará, exibia questões muito semelhantes às aplicadas. O universitário afirma ter memorizado os itens ao participar do Prêmio Capes Talento Universitário, no qual provas usadas como pré-teste podem coincidir com itens elaborados para o Enem.

Apesar da pressão, o Inep reiterou que o exame mantém “isonomia, lisura e validade”, afirmando que nenhuma das questões apareceu de forma idêntica na prova oficial. O órgão classificou as semelhanças como pontuais e acionou a Polícia Federal para investigar o caso. Professores de cursinhos relatam que o episódio aumentou a ansiedade dos candidatos, que já enfrentam desgaste emocional após a maratona de provas.

Com quase 9 mil seguidores no Instagram, o movimento promete atos pacíficos e sem confrontos. Letícia afirma que a mobilização deve continuar mesmo após os protestos, caso o governo não tome novas medidas. Para ela, a anulação total é a única forma de garantir igualdade entre todos os candidatos. “É exaustivo, mas é o que resta para ter um exame justo”, diz a estudante, que segue organizando documentos e provas do vazamento compartilhados antes que fossem apagados.