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Traição das palavras 2


Por Elizabeth Menezes

12/09/2023 13h20 — em
Ombudsman



A coluna do último domingo 10, com o título Afinal, quem é Tenório?, tratou de matéria publicada no Portal do Holanda, onde aparecem declarações de um personagem, sem o nome completo. E sem nenhuma outra identificação. Um descuido não corrigido no mesmo dia e nem nos dias posteriores. Por outro lado, esse tipo de falha, ou algo semelhante, pode ser encontrado em qualquer veículo de comunicação – aqui, alhures ou algures. Muitos são os motivos, mas ao contrário de outras épocas, quando a notícia era impressa, agora tudo pode ser corrigido em segundos. Afinal, esse é o momento do admirável mundo novo da informática. Mesmo assim, pode “passar batido”, a exemplo do que aconteceu com o caso Tenório.

Para o comentário de hoje, a coluna voltou no tempo e trouxe um texto de 22 de outubro de 2012, publicado aqui mesmo neste portal. Naquela data, o assunto girou em torno de uma letra a mais, acrescentada ao nome de um personagem citado na reportagem. Conforme se costuma dizer, ninguém falou que era fácil a tarefa de escrever. A seguir, o texto de 2012, que poderia ter sido escrito hoje: bastava abordar outro tema. Boa leitura e tomara que seja útil.  

 TRAIÇÃO DAS PALAVRAS 

Na sexta-feira 18, o Portal do Holanda divulgou excelente notícia para um dos 24 deputados da Assembleia Legislativa do Amazonas. A manchete: “ADJUNTO TEM RECURSO CONFIRMADO PELO TSE”. A matéria informava: por unanimidade, o Tribunal Superior Eleitoral aprovara as contas da campanha eleitoral do deputado, referente a 2010. Só um probleminha: o nome do parlamentar é Adjuto. O simples “ene” adicionado ao nome do deputado, poderão dizer alguns, não tem muita importância. Mas tem, sim. Demonstra falta de atenção na hora de postar as matérias e ninguém gosta de ler o seu nome diferente daquele escrito na carteira de identidade.

No caso, a falha poderia ter sido corrigida no mesmo dia ou logo em seguida: ao contrário do jornal impresso, onde qualquer lapso tem de esperar o dia seguinte para uma “errata”, no universo on-line a correção pode ser feita imediatamente. Obrigatório dizer que no corpo da matéria o nome do deputado estava grafado de forma correta. Também não é raro ele ser chamado da forma publicada no Portal. Mas o fato não invalida a crítica: antes de qualquer coisa, o leitor lê a manchete e só então decide se continua. Um registro: no sábado à noite, portanto dois dias depois, o nome do deputado ficou livre do inconveniente “ene”.

Ninguém está livre dessas pequenas armadilhas no fazer jornalismo diário. Seja em manchete, seja num parágrafo mal redigido que acaba tendo outro significado, ninguém pode atirar a primeira pedra. A tarefa de produzir um texto ou manchete sob pressão do horário implacável para o fechamento da edição, está longe de ser divertida. A troca de uma simples letra pode ser um desastre, todo cuidado é pouco, mas mesmo assim não há garantia contra alguma falha. Do outro lado o leitor, cada vez mais exigente, quer apenas ficar bem informado e satisfeito quando adquire o produto. A trabalheira não diz respeito ao leitor.

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Elizabeth Menezes, jornalista formada pela Ufam (Universidade Federal do Amazonas), repórter em jornais de Manaus, a exemplo de A Notícia, A Crítica e Amazonas em Tempo. Também trabalhou na assessoria de Comunicação da Assembleia Legislativa.

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