Petrobras e Ibama agendam simulado decisivo para perfuração na Foz do Amazonas
Nesta terça-feira (12), o Ibama e a Petrobras chegaram a um acordo crucial para a realização da Avaliação Pré-Operacional (APO) na Foz do Amazonas, um simulado de emergência que serve como o último obstáculo para a liberação da perfuração de um poço de petróleo nas águas do Amapá.
A data proposta pelo Ibama para a realização da APO é 24 de agosto, ou a semana seguinte. No entanto, as equipes técnicas de ambos os órgãos ainda precisam alinhar detalhes operacionais importantes antes de uma confirmação final. A complexidade da operação e a logística desafiadora da região, de difícil acesso, exigem um planejamento minucioso e o deslocamento de equipes e equipamentos especializados. A cautela dos técnicos contrasta com a pressa de figuras políticas influentes.
Apesar da falta de uma data cravada oficialmente, parlamentares de peso já manifestaram otimismo e, inclusive, pressionaram pela realização do teste no dia 24. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), celebrou o acordo e chegou a dizer em nota que a simulação "provavelmente será no próximo dia 24". Na mesma linha, o líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AP), foi ainda mais enfático, afirmando que nessa data será dado "o último passo antes do início da pesquisa petrolífera".
As declarações políticas foram ecoadas por Sylvia Anjos, diretora de Exploração e Produção da Petrobras, que confirmou o acordo com o Ibama. A executiva, no entanto, evitou dar detalhes sobre a data, reforçando que o anúncio oficial caberia ao órgão ambiental. Em uma nota divulgada logo após as falas de Sylvia, a Petrobras se limitou a afirmar que "houve avanço" nas negociações. O Ibama, por sua vez, informou que os resultados da reunião seriam publicados "oportunamente" no processo de licenciamento ambiental.
A APO é o passo derradeiro para que a Petrobras obtenha a licença ambiental. A estatal enfrenta a resistência de diversas organizações ambientalistas, que questionam a abertura de uma nova fronteira de exploração de petróleo em uma área de grande sensibilidade ecológica. A preocupação é ainda maior devido às características ambientais únicas da Foz do Amazonas, que se diferem das bacias já exploradas no país, como as de Campos e Santos, além da grande profundidade do poço.
Em meio ao impasse, a Petrobras busca demonstrar o máximo de segurança. A empresa afirma que a perfuração contará com "a maior estrutura de resposta a emergências" já utilizada pela companhia, com tecnologias de ponta para garantir precisão e segurança. O simulado avaliará justamente os planos de emergência e de proteção da fauna em caso de um eventual vazamento, uma das principais preocupações dos técnicos do Ibama.
A tensão em torno da licença é antiga. Em fevereiro, a área técnica do Ibama havia emitido um parecer desfavorável, argumentando que o plano da Petrobras não oferecia garantias de resgate para a megafauna local, incluindo espécies ameaçadas de extinção. Contudo, em maio, o presidente do órgão, Rodrigo Agostinho, autorizou o simulado com base em um parecer alternativo. O desenrolar do processo agora depende do sucesso da APO, que irá determinar se a Petrobras finalmente poderá avançar com a perfuração na Foz do Amazonas.
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