Mototaxistas fazem buzinaço em frente à Prefeitura de SP contra proibição do serviço
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Um grupo de mototaxistas protestou contra a proibição do serviço em frente ao prédio da Prefeitura de São Paulo, centro paulistano, na tarde desta terça-feira (22). O trânsito no viaduto do Chá foi bloqueado.
Com o sistema de som, os mototaxistas falaram palavras de ordem contra a proibição do serviço.
O prefeito Ricardo Nunes (MDB) trava uma briga na Justiça contra a empresa de aplicativo 99 para barrar o serviço de carona em motos na cidade.
No alto-falante, o vereador Lucas Pavanato (PL) disse que Nunes iria receber uma comissão, se a manifestação fosse desmobilizada.
Os mototaxistas até ameaçaram esperar o resultado da reunião em frente ao estádio do Pacaembu, na zona oeste, mas desistiram quando souberam que o prefeito estava no TRT (Tribunal Regional do Trabalho) discutindo exatamente esse assunto. A reunião, porém, acontecia naquele momento no gabinete do prefeito.
Segundo Vitor Mendes, um dos líderes da manifestação, o protesto foi organizado por grupos de WhatsApp de mototaxistas que trabalham em cidades vizinhas, onde o serviço é liberado.
"Só vamos desistir quando pararem de apreender nossas motos, que estão todas regulares", afirmou.
O protesto desta terça, segundo ele, foi o primeiro e reuniu entre 100 e 200 motociclistas.
"Nem fizemos divulgação direito. Se não formos atendidos, no próximo [protesto] seremos mais de mil", disse.
No fim da tarde o protesto já havia sido encerrado e o trânsito, liberado.
Após a reunião, Nunes disse aos jornalistas ter visto algumas motos e que o procedimento seria de a Casa Civil ouvir as pessoas. Mas não confirmou se representantes do grupo foram recebidos.
Enquanto ocorria o protesto, Nunes se reuniu com o desembargador Valdir Floriano, presidente do 2o TRT (Tribunal Regional do Trabalho), em seu gabinete.
No encontro, o prefeito mostrou, em painéis, estatísticas de mortes e acidentes envolvendo motociclistas para defender que o exercício de mototáxi é perigoso, mesmo a 99 não mantendo vínculo trabalhista com os pilotos.
Como a Folha de S.Paulo mostrou, 483 ocupantes de motos morreram em acidentes de trânsito na cidade em 2024. O número é 20% maior que os 403 óbitos do ano anterior.
"Não estamos aqui discutindo uma relação jurídica, de um empregado ou não empregado, mas diante de uma relação de trabalho", disse o desembargador.
"O compromisso da Justiça é com as condições de trabalho. Não é possível imaginar em São Paulo admitir que pessoas trabalhem com insegurança, com intranquilidade, com acidentes", afirmou. "Isso interessa à Justiça porque é um compromisso com as boas e adequadas condições de trabalho."
O próximo passo é procurar apoio do Ministério Público do Trabalho.
Nunes criticou a 99 diversas vezes, dizendo que a empresa peita as regras do município. E negou que vá acontecer com o aplicativo de transporte de passageiros de moto o mesmo que ocorreu com a empresa Uber, que em 2014 também enfrentou situação semelhante até o serviço ser regularizado.
A queda de braço entre a 99 e a prefeitura acontece há uma semana, desde que a empresa anunciou o início do serviço na capital, na última terça-feira (14). Desde então, a gestão Nunes tem aumentado a fiscalização e apreendido motos que faziam o transporte por aplicativo fora do centro expandido da cidade.
Até esta segunda-feira (20), a prefeitura disse ter apreendido 143 motocicletas nas blitzes montadas em todas as regiões.
A 99 chegou a entrar com um pedido judicial para tentar acabar com a proibição, mas a Justiça de São Paulo reconheceu a validade de decreto do prefeito e manteve a decisão.
Na sequência, a 99 anunciou que manteria o serviço, dizendo-se respaldada em legislação federal. A prefeitura, então, entrou, na sexta-feira (17), com uma ação civil pública na 8ª Vara da Fazenda Pública pedindo uma multa diária de R$ 1 milhão por danos morais coletivos e crimes de desobediência contra a 99.
Uma semana após anunciar o início do serviço de mototáxi na capital paulista, a 99Moto divulgou nesta terça-feira (21) ter ultrapassado a marca de 200 mil viagens de motos com passageiros fora do centro expandido de São Paulo nesse período.
De acordo com a nota da empresa, foi verificado um aumento da adesão de usuários ao serviço, totalizando uma média diária de cerca de 30 mil corridas.
"O crescimento do acumulado de corridas reflete o interesse pela 99Moto, especialmente entre passageiras que moram na periferia. Do total de usuários, 58% são mulheres e a faixa etária mais significativa é entre 25 e 34 anos", diz a 99.
A empresa diz que os três bairros com maior deslocamento nesse período inicial foram Capão Redondo, Itaquera e Tucuruvi. Completam o top 10: Jabaquara, Tatuapé, Itaim Paulista, Santana, Santo Amaro, Vila Sônia e Grajaú.

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