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Advogado pai de três filhos e piloto morreram em queda de avião em São Paulo

Por Folha de São Paulo

07/02/2025 21h30 — em
Variedades



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O advogado Márcio Louzada Carpena, 49, morreu na manhã desta sexta-feira (7), em decorrência da queda do avião na Barra Funda, zona oeste de São Paulo. Ele tinha postado um vídeo da aeronave momentos antes de embarcar.

A morte dele foi confirmada pela OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) do Rio Grande do Sul. Além de Márcio, também morreu o piloto Gustavo Carneiro Medeiros, 44.

À frente de um escritório de advocacia com foco empresarial, Márcio costumava compartilhar nas redes sociais imagens de férias e declarações para a família. Ele era casado e tinha três filhos. Em dezembro, registrou imagens do primeiro voo da aeronave recém-comprada e escreveu na legenda "família reunida".

Nas redes, a conquista da aeronave foi celebrada por amigos e pela companheira, Francieli Pedrotti Rozales, que escreveu ter orgulho. "Parabéns, meu amor, por mais essa conquista". No comentário, o empresário respondeu: "que façamos muitos voos juntos e sejamos muito felizes".

O advogado também mostrava viagens e momentos de celebração, como o aniversário de 10 anos da filha. Também tinha costume de registrar pensatas nas redes sociais. Na quinta-feira, ele escreveu: "algumas pessoas jamais vão te perguntar o teu lado da história, pois o lado que elas ouviram é o que elas querem achar de você".

Segundo a OAB-RS, Márcio se formou na PUC-RS, no curso de ciências jurídicas e sociais, em 1999, e quatro anos depois se tornou mestre em direito processual civil.

Ele atuava na área contenciosa civil em tribunais regionais, estaduais e superiores, além dos institutos de mediação e arbitragem. O empresário também foi professor na faculdade de direito da PUC-RS e na Escola da Magistratura.

Também palestrava em congressos, seminários e colóquios de direito, tanto no Brasil quanto em outros países. Ele também presidiu a Academia Brasileira de Direito Processual Civil entre 2003 e 2009.

Em seu perfil no Linkedin, descrevia que sua maior especialidade era a resolução de conflitos (judicial e arbitral) e estruturação jurídica de negócios e operações civis e comerciais. Dizia que era empreendedor por natureza.

Carpena foi, por exemplo, representante legal na venda da rede varejista Multisom, que tinha mais de 80 lojas no Rio Grande do Sul na época e faturamento anual de R$ 400 milhões, para a rede Schumann, de Santa Catarina em 2019.

O escritório de advocacia do qual Carpena era sócio fica no bairro Cristal, na zona sul de Porto Alegre, em um pequeno prédio em frente à orla do Guaíba e próximo à prainha do Iberê. Tem cerca de 140 colaboradores e atende clientes corporativos de pequeno, médio e grande porte, tanto do Brasil quanto de outros países.

Em nota, a Carpena Advogados, escritório de advocacia, confirma que as autoridades seguem atuando no local e na identificação das vítimas. "Neste momento de consternação, estamos prestando todo o apoio necessário à família, aos amigos e aos sócios do escritório. Também estamos colaborando integralmente com as autoridades para o esclarecimento dos fatos", completa a nota.

PILOTO ESTAVA AGUARDANDO PRIMEIRO FILHO, DIZ AMIGO

Em entrevista ao programa Timeline Gaúcha, da Rádio Gaúcha, o piloto Wellington Zancan falou que o amigo Gustavo Medeiros estava numa fase feliz da vida, por estar aguardando o nascimento do primeiro filho.

Gustavo era casado desde maio de 2021 com Amanda Mann, que está grávida de seis meses. Os dois são gaúchos: ele de Porto Alegre e ela de Santo Ângelo.

"O que posso falar do Gustavo é que ele era uma pessoa incrível, que estava no auge da vida como pessoa, muito feliz no casamento com a Amandinha e aguardando um filho. Estava feliz no emprego e animado. A máquina havia chegado para eles há pouco tempo. Um cara nota mil que vai deixar muita saudade no nosso meio. Um grande piloto e excelente aviador. Uma perda irreparável", lamentou Zancan.

O piloto trabalhou na companhia aérea Azul de 2011 a 2021, período em que morou em Indaiatuba, no interior paulista. Foram seis anos como copiloto do modelo E190, acumulando 3.819 horas de voo, e quatro anos como comandante de aeronaves ATR, com 1.912 horas de voo. Por três anos ele ainda foi instrutor de rota da empresa.

Formado em ciências aeronáuticas de 1999 a 2002 na PUC-RS, Gustavo ainda se graduou em administração e negócios na mesma instituição, de 2003 a 2006.

A aeronave que caiu era um King Air F90, fabricado em 1981, com capacidade para até oito pessoas, e havia sido comprada em dezembro pela Máxima Inteligência Operações Estruturadas LTDA.

De acordo com o Registro Aeronáutico Brasileiro (RAB), o avião foi fabricado pela Beech Aircraft e era um turbohélice de dois motores para sete passageiros, além do piloto.

Ele estava registrado apenas para operação de serviços privados, com veto para realização de táxi aéreo. De acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil, isso significa que a aeronave não tem permissão específica para realizar operações de táxi aéreo (locação a terceiros), não que não poderia voar.

A situação de aeronavegabilidade era normal e o Certificado de Verificação de Aeronavegabilidade (CVA) estava ativo e era válido até o fim de 2025.

A FAB (Força Aérea Brasileira) afirmou que investigadores do Seripa IV (Quarto Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) foram acionados para realizar a investigação do acidente.


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14/03/2025

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