A coluna Bastidores da Política, assinada pelo jornalista Raimundo de Holanda, diretor-geral deste portal, vem abordando alguns assuntos que bem poderiam render boas reportagens.  Com essa ideia para o presente comentário, dois textos deste mês de agosto foram “escolhidos”. O primeiro, sob o título “Prefeitos sob patrulhamento da imprensa e dos órgãos de controle”, analisa, por exemplo, a contratação de artistas para eventos nos municípios. O segundo, “Armadilhas no caminho de Amom”, fala de polarização na política, com a possível candidatura do deputado federal Amom Mandel (Cidadania) à prefeitura de Manaus. 

Prefeitos sob patrulhamento da imprensa e dos órgãos de controle

Armadilhas no caminho de Amom

Ao tratar do que chamou de “patrulhamento” a administrações municipais, Holanda diz que “é preciso parar com medidas policialescas, inibitórias e, portanto, arbitrárias”. Mas não questiona o papel dos órgãos de controle. Apenas defende que a “interferência legítima” desse controle não seja uma “velada intromissão”. Como exemplo, cita o caso de uma dupla sertaneja que seria contratada por R$250 mil, para o encerramento de uma feira agropecuária num município do interior, com receita estimada em mais de R$ 2 milhões. E completa: “além de fazer a economia girar, beneficiando produtores, empresas de máquinas agrícolas e famílias de baixa renda, que aproveitam para vender doces, leite, salgados, sucos e frutas”. Alguém duvida de que seja uma excelente pauta? Aliás, pode gerar várias e importantes pautas. 

HOMEM DE MEIO MANDATO  

Quanto a “Armadilhas no caminho de Amom”, Holanda sustenta que o deputado federal mais votado do Amazonas (288.555 votos), “não pode comprometer sua carreira política pela pressa, como homem de meio mandato”. Refere-se ao fato de que Amom (22 anos), foi eleito vereador de Manaus e, no meio do mandato, saiu para disputar uma vaga na Câmara dos Deputados. Ele vem ganhando espaço na mídia, como um nome para enfrentar o prefeito David Almeida (Avante). Mas, sendo ainda “muito jovem, precisa estar atento a certas armadilhas, a manipulação e bajulações que muitas vezes resultam em exclusão e frustrações”, completa.  

A opinião do Holanda, sobre o deputado Amom, remete a outros casos de vereadores que saíram direto da Câmara Municipal de Manaus para a Câmara dos Deputados e até chegaram ao Senado. Sem passar pela Assembleia Legislativa. É uma história que merece ser contada numa reportagem especial, neste portal, uma vez que o assunto foi tema de análise em uma coluna de opinião, escrita pelo seu diretor-geral. Por que não?  A coluna Ombudsman fez um rápido levantamento e aproveita para registrar, de forma resumida, a passagem de quatro políticos do Amazonas que iniciaram a vida pública no legislativo municipal de Manaus. 

Fábio Lucena, vereador de dois mandatos. Candidato a senador em 1978, foi derrotada pelo vice-governador João Bosco Ramos de Lima.  Em nova tentativa, no pleito de 1982, elegeu-se senador. Polêmico e considerado um grande orador, Lucena respondeu a processo com base na Lei de Segurança Nacional, em decorrência de críticas contra o prefeito Franklin Lima e o governador João Andrade (foi absolvido em 15 de julho de 1975). Outro registro interessante: ele disputou a reeleição em 1986, ainda no “mandato original” (de oito anos), ganhou e depois renunciou. Assim, Leopoldo Perez pode ser efetivado. Em 14 de junho de 1987, Lucena cometeu suicídio, em Brasília.  

Jefferson Péres, vereador de dois mandatos consecutivos. Em 1994, venceu a primeira eleição para o Senado, pelo PDT. Em 2002, ganhou a reeleição com 543.158 votos. Não terminou o mandato porque faleceu em 23 de maio de 2008. Ao publicar a notícia, sob o título “Jefferson Péres era conhecido por posturas éticas e posições firmes na política”, a Agência Senado disse que o político amazonense “era conhecido no Senado e na vida política como um homem de posições firmes e decididas, cuja atuação também foi marcada pela sua postura ética”. 

Vanessa Grazziotin, vereadora de três mandatos consecutivos.  Em 1998, foi eleita deputada federal e reeleita por duas eleições seguidas. Na eleição de 2010, venceu a disputa para o Senado, cumprindo os oito de mandato, que terminou em 31 de janeiro de 2019. Disputou todos os mandatos pelo PCdoB, seu único partido. No site do Senado Federal, dentre os trabalhos publicados, consta um artigo no jornal O Globo (16/06/2015) – Mais Mulheres na Política. 

Francisco Praciano, vereador de quatro mandatos consecutivos. Na eleição de 2006, foi eleito deputado federal e reeleito em 2010. Disputou uma vaga ao Senado em 2014, mas ficou em segundo lugar. Com uma breve passagem pelo PDT, Praciano disputou todas as eleições pelo PT, o seu primeiro partido. Na Câmara dos Deputados, foi presidente da Frente Parlamentar Mista de Combate à Corrupção.