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Política local a passos de tartaruga


Por Elizabeth Menezes

24/09/2023 8h14 — em
Ombudsman



Podem até argumentar que o quase insuportável calor e a fumaça por causa das queimadas, especialmente aqui em Manaus, devam ocupar o maior espaço possível no noticiário local. É verdade. Mas é verdade também que o assunto política não pode estar dissociada desse problema. E qual a opinião ou proposta dos eleitos pelos amazonenses sobre essa e outras questões de interesse da população, a exemplo da violência que parece sem controle?

São três senadores, oito deputados federais, 24 deputados estaduais e 41 vereadores na Câmara Municipal de Manaus. Mais os 61 prefeitos do interior, que governam com os vereadores. Os próprios políticos gostam muito de usar a expressão “falta vontade política”, quando estão na oposição e querem criticar adversários. Pelo jeito, no atual momento está faltando até vontade de falar. Mas também parece que está faltando disposição de perguntar. E assunto não falta. 

Nos últimos dias, por exemplo, deputados estaduais aprovaram um auxílio suplementar de saúde, no valor de R$ 4,1 mil (correspondente a 10% dos seus vencimentos). Em outro momento, aprovaram várias projetos de uma tacada só, inclusive alguns que haviam recebido o veto do governador Wilson Lima. Destaque para um projeto da deputada Débora Menezes (PL) que, digamos, protege a religião cristã. A lei proíbe qualquer forma de “menosprezo” ao Cristianismo em manifestações culturais, sociais e o infrator pagará multa de R$ 5 mil a R$ 500 mil. 

Dito assim, a lei ignora todas as demais crenças professadas no estado do Amazonas. Além do fato de o Brasil ser um país laico, de acordo com a Constituição. Porém, aceitando-se que a ideia é de interesse de uma grande parte da população, é razoável perguntar quais outras ideias/propostas a favor de toda a população. Quais problemas do Amazonas preocupam aqueles que, além de fiscalizar o Executivo, têm o direito de propor e aprovar leis de interesse geral? 

Num rápido “passeio” pelo noticiário local, pode-se encontrar farto registro de queimadas, nuvens de fumaça e calor de quase 40 graus. Vídeos mostram a situação de Manaus e de outros municípios. Representantes de entidades, a exemplo da Secretaria do Meio Ambiente e Instituto de Meteorologia, prestam informações. Mas não se sabe a opinião de políticos locais. Nem mesmo uma palavrinha de algum prefeito em cujo município a fumaça chegou, junto com as queimadas. 

Em compensação, à política nacional, que vive momentos de temperatura máxima (ou chegando perto), é reservado grande espaço na mídia. Compreensível, diante do clima de beligerância que atinge até a corte suprema do Judiciário. Mas, os representantes do Amazonas precisam ser “encontrados”, mesmo que estejam em Brasília:  há muitas perguntas a responder ao eleitorado amazonense. No próximo ano, tem eleição. 
 
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Elizabeth Menezes, jornalista formada pela Ufam (Universidade Federal do Amazonas), repórter em jornais de Manaus, a exemplo de A Notícia, A Crítica e Amazonas em Tempo. Também trabalhou na assessoria de Comunicação da Assembleia Legislativa.

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