“Vou no cinema hoje à noite”. “Cheguei no bar depois da meia-noite”. “Ela tinha 20 anos”.  “Eu vi ela na semana passada”. São expressões muito comuns no dia a dia, nas conversas informais e estão tudo bem, o importante é o interlocutor entender a mensagem, é a justificativa. Porém, quando essas mesmas construções são usadas num texto jornalístico, por exemplo, é preciso ligar o sinal de alerta. Inclusive porque, quase sempre, um pequeno “deslize” não costuma vir sozinho.

Exemplos de duas manchetes, publicadas no Portal do Holanda nas últimas semanas: “Os militares foram no endereço e abordaram o proprietário da casa”. “Homem estava em canteiro de obras quando criminosos chegaram no local e efetuaram os tiros”.

Na primeira manchete, o “vício” de trocar o “ao” pelo “no”.  Claro que ninguém vai “no endereço”, mas “ao endereço”. Igualmente ninguém vai “no cinema”, mas “ao” cinema. “No” significa dentro de. “Por exemplo: “Entrou no ônibus”, “está no avião”. Já a segunda manchete, além do inapropriado “no”, ainda contém um verbo desnecessário, já não bastasse a notícia em si. Qual a necessidade de usar o “efetuaram os tiros”? “...chegaram ao local e atiraram”, não seria suficiente? 

Pequenos descuidos aqui citados, algo fácil de constatar, não é “privilégio” deste portal. Em meio a “pegadinhas” do idioma, cacofonia e até manchetes com expressões desnecessárias são percebidas aqui, alhures e algures. O que dizer de uma notícia que fala em “operação a mando da Justiça”? Tem-se, aí, uma operação chamada “amando da Justiça”. Cacofonia, diz a gramática. Som feio ou desagradável. 

“Na quarta-feira, haverá reunião de estudantes, pais e responsáveis”. Sim, “pais irresponsáveis” (é esse o som). E “apreensão de madeira ilegal”? A madeira não fez nada de errado e é ilegal? Esse é um caso a pensar. Outro exemplo de cacofonia.  “Foi encontrado por populares”. O que é “porpopulares”? E assim vai. Sobre o “vi ela na semana passada” e “ela tinha 20 anos”, o que se tem é uma “viela” e uma “latinha”. 
P.S. 

A queda de um avião que levava turistas ao município de Barcelos (a 400 km de Manaus), no sábado 16, quando morreram 12 turistas, mais o piloto e o co-piloto, é uma lamentável notícia para o Amazonas. E muito sofrimento para as famílias das vítimas. Quem passou por igual situação,   sabe o quanto é difícil esse momento.

Os turistas iriam praticar a pesca esportiva.  Barcelos é a cidade do peixe ornamental. O Festival do Peixe Ornamental, com a disputa entre o Cardinal e o Acará Disco, é realizado no último final de semana de janeiro. É o maior evento cultural da cidade, também chamada de A capital internacional da Pesca Esportiva.