Manaus: fumaça e a subida do Rio Negro
Ainda no meio da maior seca da História do Amazonas, completando o quadro com ondas de calor e fumaça na capital, o Rio Negro subiu 5 centímetros no sabado e no domingo últimos. E nesta segunda-feira 30, mais 7 centímetros, quando atingiu a cota de 12,87 metros. Já na sexta-feira 27, a medição da água havia mostrado uma estabilização, com a cota de 12,70 metros: o menor nível registrado em 121 anos. Depois dessa marca, as águas começaram a subir, chegando a 17 centímetros entre sábado e segunda-feira, de acordo com os dados divulgados pelo Porto de Manaus.
Ao mesmo tempo em que era anunciada a subida do Rio Negro, a fumaça voltou a preocupar moradores de Manaus. No domingo 29, a fumaça podia ser vista em toda parte da cidade. Na segunda-feira, veículos de comunicação deram manchete sobre o segundo dia em que Manaus ficava “coberta de fumaça”, provocada pelas queimadas. Imagens mostravam as nuvens de fumaça. Houve informação de que a fumaça estava de volta depois de duas semanas, com o fim das chuvas (raras, na verdade). Sobre a nova onda de fumaça, a prefeitura de Manaus emitiu nota, no início da noite, explicando que as queimadas não têm origem na capital.
A capital amazonense não tem focos de queimadas e a fumaça vem de municípios da RMM (Região Metropolitana de Manaus, de acordo com a prefeitura. “A fumaça que voltou a cobrir a capital amazonense, nesta segunda-feira 30/10, tem origem nos Municípios da Região Metropolitana de Manaus, de acordo com dados do Programa de Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e que foram levantados pela prefeitura de Manaus, via Secretaria Municipal de Meio Ambiente e sustentabilidade (Semmas)”, diz um trecho da nota, que também informa sobre diversas medidas tomadas pela administração municipal.
Desde junho, por exemplo, a prefeitura realiza campanha ambiental para combater queimadas na Região Metropolitana. Um dado também citado: foram registrados 243 focos de queimadas em todo o Amazonas. Municípios da RMM com o maior número de focos de queimadas: Presidente Figueiredo (17), Autazes (14), Careiro da Várzea (13), Careiro (12), Itacoatiara (10 ) e Rio Preto da Eva (2). Ainda de acordo com a nota da prefeitura, desde a sexta-feira 27 o Inpe não registra nenhum tipo de queimada em Manaus. Autoridades de saúde, de acordo com a imprensa, afirmam que a fumaça torna péssima a qualidade do ar em todos os bairros de Manaus.
O Amazonas ainda enfrenta o problema da seca em todos os seus 62 municípios, mas a subida das águas do Rio Negro sinaliza uma volta à normalidade. E a normalidade inclui outro fenômeno da natureza, que é a enchente nossa de cada ano. As manchetes migrarão de “seca” para “enchente”, nem sempre para relatar boas notícias. Águas invadindo cidades, ruas transformadas em rios por onde deslizam canoas, plantações cobertas pelas águas, muitas queixas e apelo às autoridades. Na prática, a cada um desses fenômenos da natureza (agravados por atitudes humanas), a resposta geral, no sentido de resolver o “estrago”, é como se fosse a primeira vez. Mas a imprensa está aí mesmo para registrar tudo para a História.
O que mais a imprensa poderia fazer?
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