Dado como morto em um dos incidentes mais fatais do Everest, o ponto mais alto do mundo com 8.849 metros, o médico Beck Weathers inexplicavelmente voltou à vida, protagonizando um resgate sensacional que entrou para a história como mistério e milagre.

Desde então, escreveu um livro sobre o assunto e ministra palestras concorridas para falar de motivação em empresas e instituições.

Naquele 10 de maio de 1996, Weathers integrava um grupo de alpinistas que subia o Everest, quando uma tempestade inesperada atingiu a montanha e diretamente o grupo.

Os integrantes se separaram ao longo do caminho, mas após a chegada da equipe de resgate, nem todos os alpinistas puderam ser resgatados, devido a sua localização e também pela sua condição física, caso de Weathers.

Deixado para trás, ele, no entanto, 12 horas depois, sem enxergar, sem luvas e coberto de gelo, surgiu caminhando na direção do acampamento, assombrando a todos que tinham sobrevivido. Do grupo dele, oito morreram naquele dia 10.

No ano de 1996, um total de 19 montanhistas morreu durante a temporada de escaladas no Monte Everest.

LIVRO

Depois de quatro anos em que foi deixado como morto, debruçado na neve, Weathers escreveu o livro Deixado para Morrer, (Ed. Intrínseca). A história dele até inspirou o filme Everest, estrelado por Jake Gyllenhaal, Keira Knightley e Josh Brolin, que procurou ser fiel ao relato dele.

Milagre e mistério marcam a história dele naquela que viria a ser chamada de a “maior tragédia do Everest”, com nove pessoas mortas. Beck Weathers perdeu o braço direito, os dedos da mão esquerda, algumas partes dos pés e o nariz, mas sobrevive para contar sua história na tragédia no monte. Ao todo, já passou por 11 cirurgias para construir seu rosto

Ele nunca imaginou tornar-se o centro das atenções. Disse que sabia que na montanha, o ambiente é de risco, até mesmo para os experientes acompanhantes dos grupos.

Mas, como contou no livro, a depressão o levou a ter o alpinismo como hobby, uma atividade muito egoísta, especialmente com a família dele, que sempre ficava em grande estresse quando ele ia fazer escaladas.

O fato de ter que conviver com as mudanças físicas às quais foi submetido, mudou sua perspectiva de vida. Decidiu ser otimista durante o tempo em que desfrutar da existência, afinal, disse ele em uma entrevista, a ironia de lutar com tanta força para voltar e sobreviver no Everest, foi algo tão espetacular, principalmente para alguém como ele que, na depressão, pensou várias vezes em suicídio.

Só que quando chegou a hora de morrer de verdade, deu-se conta de não estar preparado, por isso lutou como louco para que não acontecesse.

Weathers chegou a ser acusado por alguns integrantes do grupo de ser o único culpado pela tragédia, mas depois ficou demonstrado que houve falta de planejamento geral pela falta de oxigênio engarrafado, corda e obediência aos horários.

Depois dessa escalada no Everest, duas novas tragédias mataram 30 sherpas (que são nativos que ajudam os alpinistas), nessa mesma montanha, entre 2014 e 2015.

A lição transmitida por ele nas palestras fala sobre os motivos que levam as pessoas ao Everest e o preço que pagam por esse esforço, muitas vezes com a própria vida.