Fábrica de moedas de 2,6 mil anos é encontrada na China
Arqueólogos chineses descobriram o que acreditam ser a mais antiga casa da moeda conhecida, onde moedas de bronze em formato de pá em tamanho miniatura foram produzidas em massa há cerca de 2,6 mil anos.
O achado deu-se em escavações das ruínas em Guanzhong — antiga cidade na província oriental de Henan, na China. Uma pesquisa publicada em agosto de 2021 no periódico Antiquity é mais uma informação para confirmar a tese de que as primeiras moedas foram cunhadas na China e não na Turquia ou na Grécia, como se acreditava.
De acordo com Hao Zhao, arqueólogo da Universidade de Zhengzhou e autor principal do artigo, a cidade murada e com fossos de Guanzhong surgiu por volta de 800 a.C, e sua fundição — onde o bronze era fundido e moldado por golpes para produzir vasos ritualísticos, armas e ferramentas — foi inaugurada em 770 a.C.
Somente 150 anos mais tarde, seus operários passaram a cunhar moedas perto do portão sul do centro da cidade. Com o uso da datação por radiocarbono, a equipe determinou que a casa da moeda começou a operar em algum momento entre 640 a.C. e 550 a.C. no máximo.
Embora moedas do Império Lídio na região atual da Turquia tenham sido datadas de 620 a.C. por outras pesquisas, Zhao observa que a primeira fábrica de moedas conhecida por ter produzido moedas de Lídia é datada entre 575 a.C. e 550 a.C.
A casa da moeda de Guanzhong, segundo Zhao, “é atualmente o mais antigo local de cunhagem do mundo com data determinada”.
MOEDAS ESPADAS
Os pesquisadores encontraram duas moedas de espadas, semelhantes a ferramentas de jardinagem em miniatura e dezenas de moldes de argila empregados em sua fundição.
Uma moeda, com cerca de 15 centímetros de comprimento e pouco mais de 6 centímetros de largura, foi conservada em condições quase perfeitas. A moeda de bronze pesa cerca de 27 gramas, ou menos do que seis folhas de papel de tamanho padrão.
O professor de antropologia Bill Maurer, da Universidade da Califórnia em Irvine e diretor do Instituto de Dinheiro, Tecnologia e Inclusão Financeira, destaca a importância da descoberta pelo fato de ter se achado não uma porção de moedas, mas a fundição inteira, além dos moldes utilizados.
Para ele, encontrar tanto as moedas quanto seus moldes foi o que permitiu aos pesquisadores datar a fábrica de moedas por radiocarbono, reforçando a hipótese de que seja a mais antiga conhecida no mundo.
O diretor do Centro de Alternativas Monetárias e Financeiras do Instituto Cato, George Selgin, afirma que a descoberta, mesmo que seja impressionante, “não muda o consenso básico sobre a época do advento das moedas". E não significa necessariamente que a China tenha sido a primeira a produzi-las”.
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