Conhecida como 'dama barbada', francesa ganhou museu em sua homenagem
Nascida em 1865, em Lorena, na França, Clémentine Delait era uma menina diferente das demais quando passou para a puberdade, porque nela crescia pelos iguais ao de um rapaz.
Isso a obrigava a frequentar o cabeleireiro, inicialmente para raspar os pelos, até que no ano 1900, frequentou um carnaval e viu uma mulher que, assim como ela, também tinha bastante pelos do rosto. Com isso, adotou a barba e decidiu se aproveitar dessa “anormalidade” causada por problemas hormonais.
Clémentine era descrita pelos contemporâneos como “a dama barbuda mais ilustre e célebre da França” e acabou se tornando uma das mulheres barbadas mais famosas dos séculos XIX e XX.
Aos 20 anos de idade, namorou e casou com Paul Delait, um padeiro local com quem abriu um café na cidade e então passou a ser mais conhecida ainda.
APOSTA
Uma vez diante de clientes, ela disse ter como ganhar uma barba longa, semelhante à masculina, e eles duvidaram.
O marido dela apostou 500 francos para apoiá-la e a disputa atraiu muito mais clientes para o café dos Delaits, o que acabou os fazendo mudar o nome para Le Café de La Femme à Barbe, "O café da mulher barbada".
Clémentine, então, passou a vender fotografias e cartões postais de si mesma, o que a fez tornar-se uma celebridade local. Tanto que foi convidada a viajar pela Europa para exibir os pelos no rosto, atraindo grandes multidões em Paris e Londres.
A partir de 1926, quando ficou viúva, intensificou suas viagens para exibir os vastos pelo que cresciam no rosto dela. Ela participou de diversas peças publicitárias, entre as quais uma em que entrou em uma jaula de leões e jogou cartas com o domador, assustando os leões enquanto isso.
Em 1904, numa época em que era ilegal essa prática, recebeu uma permissão especial das autoridades para usar roupas masculinas como lazer.
Charles Grossier, o ex-barbeiro dela, alegou que agora ela “o observava como um falcão” todas as vezes em que ele fazia aparas na barba, prática que mantinha três vezes por semana, quando lavava a barba com um xampu especial. Além desse cuidado, escovava-a todos os dias.
Clémentine, na verdade, passou a ficar muito orgulhosa de sua barba e cuidava bem dela.
E conviveu com ela regularmente. Durante a Primeira Guerra, por exemplo, trabalhou como enfermeira voluntária e também participava de sessões de ciclismo ao ar livre e era uma declarada adoradora de cães.
Aos 74 anos, ela faleceu e em sua lápide ganhou a inscrição “aqui reside Clementine Delait, a dama barbada”.
Sua fama foi tamanha que em 1970, foi aberto um museu dedicado a Clémentine Delait em Thaon-les-Vosges. Ela ainda ganhou uma biografia, escrita por Pénélope Bagieu, no livro Les Culottées que em Portugal foi publicado com o título de Destemidas, nome que também foi dado à série de animação transmitida na RTP2.
OUTRAS BARBADAS
Clémentine foi a mais famosa, mas não a única mulher a ter barba. Nascida em 1834 no México, Pastrana foi chamada de ‘mulher macaco’, devido a barba no seu rosto.
Josephine Boisdechen, nascida na Suíça, em 1831 na Suíça, tinha pelos em praticamente todo o corpo, e aos dois anos de idade já tinha uma barba cheia. Os pais a colocaram num internato por não saber o que fazer.
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