Compartilhe este texto

O devaneio de Lula


Por Raimundo de Holanda

09/12/2025 22h28 — em
Bastidores da Política


  • Lula tenta liderar o debate climático no exterior, mas internamente mantém tudo como sempre: celebra produção recorde de petróleo, defende novas frentes de exploração e trata a expansão de fontes poluentes como prioridade nacional. O discurso muda; a prática quase não muda.
  • Para obras amazônicas, tudo é lento; para o petróleo, tudo é urgente.

O governo Lula anunciou que vai criar, em 60 dias, um plano para reduzir o uso de combustíveis fósseis e montar um fundo de transição energética financiado com recursos do petróleo. 

A ideia parece apontar para o futuro, mas esbarra em uma contradição imediata: ao mesmo tempo em que fala em abandonar o petróleo, o governo pressionou o Ibama para liberar a perfuração na Margem Equatorial, bem na foz do Amazonas. O país diz que quer sair dos fósseis, mas age para permanecer neles.

Esse paradoxo fica ainda mais evidente quando o governo apresenta o petróleo como base de financiamento da própria transição. Em vez de diminuir a dependência, reforça o ciclo atual.

Enquanto isso, a Amazônia segue travada em assuntos básicos. A BR-319 continua parada; obras de energia e logística enfrentam longos processos de licenciamento; regularização fundiária avança pouco; e até projetos estratégicos, como o do potássio em Autazes, andam entre licenças concedidas e disputas judiciais por falta de consulta adequada aos povos indígenas. Nada avança de forma consistente.

 

Siga-nos no

ASSUNTOS: AMAZÔNIA CHINA, BR 319, Lula

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.