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A condenação da 'Águas de Manaus'


Por Raimundo de Holanda

06/12/2025 20h06 — em
Bastidores da Política


  • Enquanto concessionárias, como Águas de Manaus e Cigás, continuarem intervindo sem responsabilidade e o Poder Público permanecer ausente na fiscalização, a população continuará arcando com danos que não produziu.
  • Esse ciclo tem custo diário: prejuízo aos motoristas, risco à integridade física e um trânsito que se arrasta por quilômetros porque a infraestrutura básica foi convertida em terreno instável.

A condenação da Águas de Manaus por danos causados a uma motorista que precisou desviar de um buraco aberto e não sinalizado revela mais do que a falha de uma concessionária. Expõe um padrão que se repete diariamente na cidade: vias antes transitáveis são rasgadas por obras mal planejadas, mal fiscalizadas e mal concluídas, transformando o cidadão em vítima de um serviço público que deveria protegê-lo — e não criar novos riscos.

Águas de Manaus é condenada a indenizar motorista que caiu em buraco de obra inacabada 

No caso analisado pela Justiça, a empresa tentou atribuir culpa à própria condutora, sugerindo velocidade excessiva, distração ou falta de cautela. Mas nada disso foi comprovado. 

Não havia sinalização. Não havia recomposição do pavimento. Havia apenas um buraco deixado pela própria concessionária. 

A responsabilidade, portanto, não poderia ser transferida ao usuário da via. A falha estava no serviço — e o dano, no resultado previsível dessa omissão.

A decisão também joga luz sobre um problema que Manaus conhece bem: a degradação das vias não é casual, é sistêmica. Buracos surgem não pela ação do tempo, mas pela falta de compromisso após intervenções que deveriam ser temporárias e seguras. 

O poder público, que deveria fiscalizar, muitas vezes assiste passivamente à deterioração, enquanto a cidade se transforma em um mosaico de remendos mal feitos, crateras e obstáculos improvisados.

 

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ASSUNTOS: Águas de Manaus

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.