Boicote dos negros aos ônibus levou suprema corte americana a mudar lei
Entre os fatos marcantes da luta contra o racismo nos Estados Unidos, um destaque sempre é feito para o boicote dos negros aos ônibus, no ano de 1955, que durou quase um ano e mudou a história. O fato virou tema de livro e filmes.
Tudo começou em 1º de dezembro daquele ano, após Rosa Parks, uma mulher negra norte-americana, ser presa por se recusar a ceder o seu lugar, em um ônibus, a um homem branco, no estado do Alabama.
Quatro dias depois, foi iniciado o boicote aos ônibus da cidade de Montgomery, com uma mobilização intensa em favor do uso de carros e caronas para o deslocamento da população negra.
Pelos cálculos da época, cerca de 475 mil famílias afro-americanas tinham pelo menos um carro na década de 1950, pois havia restrições para aquisição de veículos e outros bens.
Para que o protesto contra os ônibus desse certo, os organizadores da Montgomery Improvement Association, entidade criada para representar os negros, estabeleceu uma rede de serviço de táxi particular na cidade, visando atender a demanda dos cerca de 17 mil passageiros de ônibus que eram negros e pegavam o transporte 2 vezes ao dia.
A associação recebeu doações de uma frota de 15 peruas Kombi da Volkswagen doadas por igrejas negras e apoiadores do Norte. Uma associação de agricultores negros alugou um estacionamento seguro para a frota por um preço barato, e um agente de seguros afro-americano financiou o seguro dos carros quando as seguradoras brancas se recusaram a participar do boicote.
As mulheres negras que trabalhavam como domésticas na casa de brancos viraram noites e fins de semana cozinhando para venderem bolos e alimentos para arrecadar dinheiro dos gastos e custear o combustível e a manutenção dos veículos.
As vendas eram para os brancos, que não tinham ideia de que estavam ajudando a financiar o boicote.
CARONA PROIBIDA
Já em 1956, o prefeito branco de Montgomery, W.A Gayle, após 11 meses do início do boicote, impôs uma liminar restringindo as caronas, que acabou sendo derrubada na Suprema Corte dos EUA, após a declaração de que a segregação de ônibus era inconstitucional.
Dessa forma, um ano depois da prisão de Rosa Parks, o boicote terminava com sucesso a partir da união dos negros por uma causa maior.
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