Homem morto em jaula sonhava em cuidar de leões e tentou ir para a África escondido em trem de pouso
A morte de Gerson de Melo Machado, 26, conhecido como "Vaqueirinho", atacado por uma leoa após invadir o recinto em um zoológico neste domingo (30), transcendeu o noticiário policial e se transformou em um intenso debate social após a divulgação de um relato comovente.
Uma conselheira tutelar que acompanhou o jovem por anos expôs nas redes sociais a vida marcada por abandono e sofrimento, revelando um destino trágico há muito anunciado.
A conselheira revelou que, desde criança, Gerson nutria uma fixação por leões e o safári na África. O sonho, porém, era um sintoma de um profundo desejo de escapar da realidade. Ela relembrou um episódio dramático:
"Gerson, meu menino sem juízo… Quantas vezes, na sala do Conselho Tutelar, você dizia que ia pegar um avião para ir a um safári na África cuidar de leões. Você ainda tentou."
Ainda no relato, ela contou que o jovem chegou a invadir o aeroporto e se escondeu no trem de pouso de um avião da Gol, em uma tentativa desesperada de fuga que foi frustrada pelas câmeras de segurança.
O relato detalhou a luta de oito anos para garantir os direitos de Gerson. Ele foi acolhido pelo Conselho Tutelar aos 10 anos, encontrado sozinho pela Polícia Rodoviária Federal (PRF).
A conselheira lamentou a imagem que a sociedade tinha do jovem, contrastando com sua história de abandono familiar: Gerson foi destituído do poder familiar, impedido de ser adotado e só desejava o convívio com a mãe, que é esquizofrênica.
"Eu nunca consegui ver você como as redes sociais te pintavam. Você só queria voltar a ser filho da sua mãe... Mas a sociedade, sem conhecer sua história, preferiu te jogar na jaula dos leões."
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