Manaus/AM - O Amazonas tem uma forte subnotificação de mortes por Covid-19, confirmou o governador Wilson Lima em entrevista à rádio Tiradentes nesta sexta-feira (17). Isso significa que os números apresentados pela secretaria de Saúde (Susam) e Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM) não acompanham o número de casos e mortes que de fato que acontecem diariamente.

Segundo Wilson, Manaus tem uma média de 30 enterros por dia e só na quinta-feira (16), foram 100 corpos enterrados. Em contrapartida, os números oficiais são de que 18 mortes foram registradas em 24 horas.

O governador explicou que isso se deve à falta de testes: “Teremos e já estamos tendo uma quantidade significativa de subnotificação. Ou seja, de pessoas que estão morrendo com covid-19, que a gente não consegue fazer a testagem, que a gente não consegue fazer a comprovação". "Primeiro, que não temos teste para fazer em todo mundo. Segundo, que já tenho casos aqui no Amazonas de pessoas que estão falecendo em casa, que os parentes ligam para funerária, sem passar pela FVS, e esse corpo é levado direto para o enterro. Tínhamos média de trinta enterros por dia em Manaus, e ontem, por exemplo, tivemos mais de cem enterros na capital”, afirmou.  

Em meio ao aumento exponencial de casos e a falta de adesão ao isolamento social por parte da população, o governador afirma que pode impor um maior rigor na questão, usando como exemplo a cidade de Parintins, que decretou toque de recolher após ser o primeiro município a ter morte confirmada por Covid-19:  “Estamos estudando a possibilidade de aumentar a restrição (circulação de pessoas) para que a gente possa diminuir a nossa tragédia (...) Esse é um negócio muito sério. A gente está diante de uma catástrofe e o que está por vir é muito assustador. Por isso, a necessidade de que as pessoas fiquem em casa. Não há outro caminho”.

Ele prevê a situação caótica quando o coronavírus chegar às periferias: "Hoje, eu ainda não tenho o vírus com tanta intensidade nas áreas periféricas, mas vai ser devastador quando chegar nestas áreas, onde a gente tem um índice muito pequeno de atendimento da assistência básica de saúde, da rede de esgoto, de saneamento básico. Há muitas pessoas que não têm rotina de ir ao médico, que têm doenças crônicas e nem sabe”.