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Investigado por esquema de licitações e elo com PCC é preso na BA após nove meses foragido

Por Folha de São Paulo

28/01/2025 17h00 — em
Variedades



MACEIÓ, AL (FOLHAPRESS) - Foi preso em Camaçari (BA) nesta segunda-feira (27) o empresário Vagner Borges Dias, conhecido como Latrell Brito, apontado pelo Ministério Público de São Paulo como líder de organização criminosa que fraudava licitações em diversas cidades do estado, além de integrar e promover o PCC (Primeiro Comando da Capital). Ele estava foragido havia nove meses.

Latrell foi encontrado na praia de Arembepe, com apoio da Polícia Militar da Bahia. Segundo a corporação, ele apresentou um documento de identificação falso, recebeu voz de prisão e, em seguida, foi levado para a delegacia. A polícia não informou se já houve transferência para São Paulo ou se o empresário constituiu defesa.

Os mandados de prisão preventiva foram expedidos contra Latrell em abril de 2024. De acordo com o MP/SP, ele fugiu de sua residência minutos antes do início das buscas.

Em trecho da investigação do Ministério Público, Latrell, dono da empresa Grupo Safe, explicava em mensagens como deveria ser feita a entrega de três pacotes a agentes públicos dos municípios integrantes do esquema. Um quarto volume seria destinado ao próprio Latrell. Os valores variam de R$ 2.500 a R$ 5.000.

Análise dos repasses feitos por administrações municipais aponta que a empresa do acusado, Vagner Borges Dias ME, recebeu R$ 106,7 mil em 2014. O valor cresceu nos anos seguintes, até chegar a R$ 56,9 milhões em 2022.

O Gaeco (grupo do Ministério Público que investiga o crime organizado) afirmou em denúncia que ele está associado a dezenas de empresas formadas apenas para simular concorrências em certames do poder público.

À época, foram presos vereadores, agentes públicos, empresários e um advogado.

Em troca de mensagens, Latrell escreveu, em agosto de 2022, sobre uma discussão: "Os caras acham que nóis é bobo, né, mano, os cara achou que nóis é bobo. O outro irmão falou 'não, mano, os caras falou que você falou que podia vir de fuzil' e eu falei 'como é que eu vou contestar o comando, se eu sempre fui comando'".

Segundo o Ministério Público, o termo comando usado por ele se refere ao PCC.

O acusado também aparece ostentando armas e munições em imagens anexadas à investigação. Há trocas de mensagens de negociações sobre um fuzil e também relato de quando foi parado pela Polícia Militar e justificou a presença da pistola no carro por trabalhar na área de segurança.

Além de Latrell, o esquema de fraude em licitações era comandado por outro acusado de integrar a facção criminosa. Márcio Zeca da Silva, conhecido como Gordo, já foi condenado por tráfico de drogas. Ele está entre os presos durante operação do Gaeco em abril do ano passado.

VEJA COMO FUNCIONA O ESQUEMA DE FRAUDE EM LICITAÇÕES

- Empresas eram formadas pelos mesmos funcionários e representantes que se revezavam entre si

- Essas empresas formavam uma espécie de cartel e combinavam quem seria a vencedora de licitações

- A escolhida como vencedora oferecia o menor orçamento em acordo com as demais concorrentes

- Funcionários municipais recebiam propina para direcionar as licitações para as empresas envolvidas no esquema

- Contratos fechados serviam para financiar e lavar dinheiro do crime organizado


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