Prisão de Bolsonaro preocupa governo Lula diante de negociações com Trump
A prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro gerou apreensão na equipe do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que teme impactos negativos nas negociações finais antes da entrada em vigor do tarifaço de Donald Trump sobre produtos brasileiros. Ao justificar a medida, Trump citou o julgamento contra o ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado.
Segundo o colunista Valdo Cruz, do G1 Política, a nova tensão política pode atrapalhar os esforços do Brasil para ampliar a lista de exceções do tarifaço, principalmente para proteger setores como café e frutas. Embora a exclusão de produtos já negociados seja improvável, por ter envolvido empresários americanos, o clima de instabilidade aumenta a dificuldade para avançar nas tratativas. Atualmente, cerca de 700 itens estão livres da sobretaxa, incluindo aeronaves civis, suco de laranja, ferro-gusa, celulose e madeira.
O governo busca separar a crise política interna das negociações comerciais. Na semana passada, o chanceler Mauro Vieira conversou com o secretário de Estado americano, Marco Rubio, destacando a independência do Judiciário brasileiro e a ausência de ingerência do Executivo nas decisões do STF. Ainda assim, assessores de Lula avaliam que apoiadores de Bolsonaro têm provocado embates com a Justiça para tensionar o cenário e tentar influenciar a posição de Trump.
Bolsonaro teve a prisão domiciliar decretada por Alexandre de Moraes nesta segunda-feira (4) após descumprir medidas cautelares, ao participar por telefone de atos em São Paulo e no Rio de Janeiro. A decisão obriga o ex-presidente a permanecer em casa em tempo integral e limita visitas apenas a advogados com autorização do STF.
Veja também
ASSUNTOS: Brasil