O Supremo Tribunal Federal (STF) divulgou nesta terça-feira (3) os vídeos dos depoimentos das testemunhas no julgamento sobre a tentativa de golpe de Estado. Um dos momentos mais tensos ocorreu quando o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, confrontou o general Freire Gomes, ex-comandante do Exército, sobre possíveis contradições em seus relatos.

Durante a audiência, Moraes afirmou que Freire Gomes havia apresentado versões diferentes em depoimentos à Polícia Federal (PF) e ao STF. O ministro alertou o general sobre a gravidade de mentir perante a Corte. “Ou o senhor falseou a verdade na polícia ou está falseando aqui”, disse Moraes, pedindo que o militar pensasse bem antes de responder.

O ministro destacou que, à PF, Freire Gomes relatou ter participado de uma reunião, no fim de 2022, em que o ex-presidente Jair Bolsonaro falou sobre golpe de Estado. Segundo o depoimento anterior, o então comandante da Marinha, almirante Garnier Santos, teria concordado com os planos golpistas. Já no STF, Freire Gomes negou ter percebido “conluio” por parte de Garnier.

Freire Gomes afirmou que sua atuação foi pautada pela lealdade institucional e que não interpretou as manifestações de Garnier como apoio ao golpe. Ele também relatou que, na ocasião, tanto ele quanto o brigadeiro Baptista Junior se posicionaram de forma contrária a qualquer tentativa golpista, enquanto o então ministro da Defesa permaneceu em silêncio.

Moraes reforçou que testemunhas não podem apresentar versões contraditórias sobre os fatos e alertou o general sobre as consequências legais desse comportamento. “Ou mentiu na polícia ou mente aqui”, concluiu o ministro, em uma das declarações mais contundentes da audiência.