O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), protagonizou um momento tenso nesta sexta-feira (23) ao discutir com o ex-ministro Aldo Rebelo durante uma audiência da ação penal que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado. Moraes advertiu que, se não se comportasse, Rebelo poderia ser preso por desacato. O ex-ministro participava como testemunha de defesa do ex-comandante da Marinha Almir Garnier Santos, um dos réus no processo. "Se o senhor não se comportar, o senhor vai ser preso por desacato", disse. 

A discussão teve início quando Rebelo afirmou que uma fala de Garnier, ao colocar tropas "à disposição" do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), não deveria ser interpretada de forma literal, argumentando tratar-se de uma força de expressão comum na língua portuguesa. Moraes, no entanto, interrompeu o depoimento e rebateu, afirmando que, como Rebelo não estava presente na reunião em que a frase foi dita, não teria condições de avaliar o contexto da linguagem naquele momento.

O ex-ministro insistiu em seu argumento e declarou que não admitiria "censura" sobre sua interpretação da língua portuguesa. Diante da insistência, Moraes reforçou o alerta sobre a possibilidade de prisão, ao que Rebelo respondeu que estava se "comportando", permitindo a retomada da audiência. O ministro então determinou que o depoente se limitasse a responder aos fatos.

Por determinação do STF, áudios, vídeos e imagens das audiências relacionadas à ação penal não foram divulgados. A audiência integra o processo que apura a conduta de militares e autoridades civis envolvidos na suposta trama golpista após as eleições de 2022.