Caso Benício: hospital tinha equipe de segurança, mas técnica não acionou, diz dono
Manaus/AM - O médico Édson Sarkis, fundador e integrante do conselho do Hospital Santa Júlia, afirmou nesta quarta-feira (17) que havia equipe responsável pelos protocolos de segurança de plantão na noite da morte do menino Benício Xavier, mas que esses profissionais não foram acionados durante o atendimento. A declaração foi dada à imprensa após o médico prestar depoimento à polícia.
Segundo Sarkis, no pronto-socorro havia uma enfermeira designada especificamente para executar o protocolo de segurança, além de outras duas enfermeiras e uma farmacêutica na central. “No pronto-socorro tinha uma enfermeira que faz o protocolo de segurança. Ela não foi acionada, mas existe essa enfermeira. Além dela, tem mais duas enfermeiras no pronto e uma farmacêutica na central”, afirmou. Em seguida, acrescentou: “A técnica teve condição de levar a enfermeira, teve condição de levar a farmacêutica”.
O médico rebateu críticas de que o hospital não possuiria protocolos formais. “Eu vejo na imprensa falarem que o hospital não tem protocolo. O hospital tem protocolo, tem protocolo de segurança, tem dupla checagem”, declarou. De acordo com ele, os procedimentos seguem padrões rigorosos exigidos por acreditações nacionais e internacionais.
Sarkis ressaltou que o Hospital Santa Júlia é credenciado pela Organização Nacional de Acreditação (ONA) no nível máximo, o ONA 3, classificação de excelência. “Existe ONA 1, ONA 2 e ONA 3, que é excelência. O hospital tem isso. É uma qualificação que não é só nacional, é internacional, e a gente passa por avaliação anual”, disse, citando critérios de gestão, segurança do paciente e uso de equipamentos de alta complexidade.
O fundador do hospital afirmou ainda que não pretende responsabilizar individualmente profissionais envolvidos no caso. “Eu não estou aqui para acusar ninguém. Eu faço parte do conselho e não participo mais da parte administrativa da gestão”, afirmou. Segundo ele, a instituição está colaborando com as investigações e mantém as portas abertas para fiscalização. “O hospital não esconde nada. Todas as portas estão abertas para quem quiser ver”, disse.
Ao final, Sarkis declarou solidariedade à família de Benício e afirmou que o episódio também afetou profundamente sua própria família. “Eu sofro junto com eles. Eu tenho um neto e, para falar a verdade, me preocupo mais com a família do Benício do que com toda essa situação”, afirmou. “Se eu pudesse voltar atrás no tempo, faria tudo diferente. Eu sei do sofrimento deles e compactuo com essa dor”, concluiu.
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