Ação pede indenização de R$ 10 milhões por morte de ganês em aeroporto
SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - A Defensoria Pública da União (DPU) pediu uma indenização de R$ 10 milhões em uma ação civil pública contra o governo federal e a Latam Linhas Aéreas pela morte de Evans Osei Wusu, imigrante de Gana que morreu após passar mal na área restrita do Aeroporto Internacional de Guarulhos.
Quantia pedida pelo órgão seria para reparação por danos morais individuais e coletivos, além de danos materiais. Evans morreu em 13 de agosto de 2024, após desembarcar no Brasil e enquanto aguardava a análise do seu pedido de refúgio em uma área do aeroporto.
Ação civil também quer um plano de acolhimento para migrantes retidos. O objetivo é evitar que situações semelhantes se repitam, explicou o órgão. O defensor regional de direitos humanos de São Paulo, Murillo Martins, afirmou em nota que a DPU identificou que migrantes "foram e são submetidos a situações degradantes" ao aguardar o asilo no país.
Na ação, a DPU afirmou que o governo não deu assistência e demorou a processar o pedido de asilo. A Latam, por sua vez, é acusada de não prestar assistência adequada e não dar informações sobre o ganês ao hospital para onde ele foi enviado. Por causa disso, Evans foi enterrado sem que a família soubesse.
Indícios de racismo estrutural. A DPU também afirmou em trecho da ação que há traços de racismo estrutural nas políticas migratórias e serviços públicos do país. Parte do documento questiona se as queixas de saúde teriam sido ignoradas caso Evans tivesse outra aparência.
Ministério da Justiça e Latam afirmaram que não foram notificados sobre a ação. Ao UOL, a companhia aérea também informou que não comentará o assunto.
RELEMBRE O CASO
Evans Ossêi Ússu morreu em 13 de agosto após passar dias esperando asilo no Aeroporto de Guarulhos. Ele tinha feito escala no país para fazer uma viagem até o México, mas foi impedido de entrar na nação norte-americana e retornou para São Paulo.
Homem teve pedido de ajuda negado antes de ser levado a hospital. Segundo ganeses amigos de Evans, ele pediu ajuda quatro vezes antes de ser levado ao Hospital Geral de Guarulhos. Ele foi socorrido no dia 11 e morreu dois dias depois. A família dele só soube da morte em 2 de setembro, quando o ganês já tinha sido enterrado.

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