O advogado José Luís Oliveira Lima, responsável pela defesa do general Walter Souza Braga Netto, afirmou nesta quarta-feira (3) que o ex-ministro da Casa Civil e candidato a vice nas eleições de 2022 é “inocente” e deve ser absolvido no julgamento sobre a tentativa de golpe de Estado. Segundo o defensor, Braga Netto não teria tido envolvimento nos crimes atribuídos e sua prisão seria baseada em acusações sem comprovação.

Braga Netto é acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de coordenar ações violentas do grupo que planejou um golpe após as eleições de 2022, mantendo contato com manifestantes e articulando operações clandestinas com militares. Oliveira Lima questionou a delação do ex-ajudante de ordens Mauro Cid, classificando-a como “mentirosa” e apontando que o tenente-coronel teria sido pressionado a colaborar, além de o acordo ter sido fechado apenas com a Polícia Federal, sem participação do Ministério Público Federal.

O advogado também criticou a quantidade de documentos anexados ao processo e o curto prazo dado para analisá-los, argumentando que a defesa foi cerceada. “É evidente que a defesa foi cerceada”, disse Oliveira Lima, que ressaltou que não existe nenhuma prova concreta que vincule Braga Netto ao planejamento de atos violentos ou à entrega de recursos para financiar o golpe, episódio citado na delação como “Punhal Verde e Amarelo”.

Em delação, Mauro Cid afirmou que entregou dinheiro a um integrante do grupo para financiar ações que incluíam a morte do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes. A defesa contestou o depoimento, classificando-o como inconsistente e desprovido de credibilidade. “Meu cliente está preso por causa de uma delação de um tenente-coronel que mente descaradamente”, afirmou Oliveira Lima.

Além de Braga Netto, o núcleo central do processo inclui outros sete réus: Alexandre Ramagem, Almir Garnier, Anderson Torres, Augusto Heleno, Mauro Cid, Paulo Sérgio Nogueira e Walter Souza Braga Netto. A exceção é Ramagem, que teve parte das acusações suspensas pela Câmara dos Deputados e responde apenas a três crimes. O julgamento foi conduzido pelo ministro Cristiano Zanin, presidente da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), e ocorreu entre os dias 2 e 12 de setembro, dividindo-se em sessões ordinárias e extraordinárias para análise das defesas e provas.