Homem matou namorada grávida em Manaus 'por não querer ter filho negro', revela polícia
Manaus/AM - A polícia revelou, nesta terça-feira (21), que Victor de Souza Rocha, 21, assassinou a ex-namorada, Karine Sevalho Lima, 19, porque não queria ter um filho negro com a jovem. Karine estava grávida de sete meses e havia se recusado a abortar a criança, como Victor havia ordenado.
“O Vitor era seu namorado, na época, que passou 7 meses de gravidez, importunando a vítima para que ela fizesse um aborto (...) Um fato que entendemos ser de maior gravidade é que os próximos da Karine, informaram que o Vitor declarava para todo mundo que jamais teria um filho com características negras. A Karine é uma jovem morena, com traços da raça negra, e ele disse que não teria filhos de característica. Então é um crime de ódio relacionado também a racismo”, explica o delegado Ricardo Cunha.
Segundo a polícia, Victor e Karine namoraram por pouco tempo e o relacionamento chegou ao fim assim que o suspeito soube da gravidez. Ele chegou a negar aos pais que tinha um relacionamento com a vítima, mas a polícia encontrou provas de que os dois eram namorados.
Mesmo gestante, a jovem manteve a identidade do pai de seu filho em sigilo por alguns meses, apenas as pessoas mais íntimas de Karine sabiam que Victor era o pai do bebê.
Porém, com a insistência do ex para que ela fizesse o aborto, a moça decidiu contar tudo à família e revelou isso a Victor no último encontro que eles tiveram, na noite do dia 25 de maio de 2022.
Conforme o delegado, a revelação causou a ira do acusado e a morte de Karine. “Ela foi para se encontrar com o Vitor para informar que toda a sua família já estava ciente de que ela estava grávida dele, e que ela não iria realizar esse aborto, ela iria, por ela mesma, com a ajuda de sua família, criar essa criança, e as investigações apontam que houve ali um desentendimento entre o Vitor, que ficou revoltado com essa notícia, e acabou ali assassinando essa jovem”.
O corpo de Karine foi encontrado na manhã do dia seguinte, em um barranco no bairro Lago Azul, na zona norte. A vítima estava com o rosto desfigurado e tinha marcas de facadas em várias partes do corpo.
Para a polícia, Victor já era suspeito de ser o autor do crime desde o início. Ele chegou a ser levado para a delegacia na época, mas ainda não havia provas suficientes contra ele.
Nos meses seguintes, quando os trabalhos avançaram e estas provas surgiram, ele fugiu e ficou perambulando pela casa de parentes para não ser preso.
A partir de agora, Victor vai responder por feminicídio com agravante pelo fato de Karine estar grávida. Ele também pode responder por racismo se ficar comprovado que ele matou a ex por não querer ter um filho negro. O delegado Ricardo Cunha esclarece que as investigações continuam e novas tipificações podem ser adicionadas ao processo.
“O inquérito ainda não está fechado, tudo isso vai se analisar na decorrer do inquérito policial, estamos com essa visão e vamos avançar. Não descartamos a possibilidade de ter a ajuda de mais alguém no crime”, disse.
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