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Ministra da Colômbia acusa presidência da COP30 de silenciar países que pedem transição de combustíveis fósseis

Por Folha de São Paulo

21/11/2025 14h00 — em
COP30


Fachada da COP30 em Belém - Foto: Ronaldo Siqueira/Portal do Holanda

BELÉM, PA (FOLHAPRESS) - A ministra do Meio Ambiente da Colômbia, Irene Vélez-Torres, afirmou na manhã desta sexta-feira (21) que os países que estão mobilizados pela inclusão do mapa do caminho para abrir mão de petróleo, carvão e gás no acordo final da COP30 não irão abrir mão desta demanda.

"Não vamos aceitar um texto que não atenda ao objetivo de [limitar o aquecimento global a] 1,5°C. E acreditamos que a eliminação gradual dos combustíveis fósseis é absolutamente necessária para atingir esse objetivo", disse em conversa com a imprensa na zona azul.

A ministra acusou a presidência brasileira de tentar silenciar os países mais ambiciosos. "Estamos sendo forçados a abordar apenas o que já estava no primeiro rascunho. Isso não é aceitável porque estão impondo consenso através de veto", afirmou.

"A presidência não está disposta a abordar as outras questões que estamos tentando colocar na mesa".

Vélez-Torres foi enfática ao dizer que não concorda com a caracterização do grupo de nações que pede o mapa do caminho para a transição energética como bloqueadores das negociações.

"Somos os países mais ambiciosos, os que se comprometeram a eliminar gradualmente os combustíveis fósseis com nossos orçamentos limitados", ressaltou. "Não somos os bloqueadores. Somos aqueles que estão comprometidos com a justiça climática. E precisamos agora ser apoiados pela presidência desta COP".

O primeiro rascunho do acordo final da COP, divulgado na terça (18), citava a proposta de fazer um mapa do caminho dos combustíveis fósseis, mas enfrentou a resistência dos países árabes e dos negociadores do LMDC, grupo de nações em desenvolvimento com grande dependência de combustíveis fósseis, como China, Índia e Venezuela.

As declarações aconteceram após uma coletiva convocada pelo país latino para divulgar a criação da Conferência Internacional para a Eliminação Progressiva dos Combustíveis Fósseis e lançar uma declaração pedindo um mapa do caminho sobre esse assunto.

A ministra colombiana contou, ainda, que os países que defendem o tema não se reuniu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em sua última passagem por Belém, na última quarta-feira (19). O presidente encontrou diferentes grupos de negociação.

"Não tivemos a oportunidade de nos encontrar com o presidente Lula. Gostaríamos de estar lá para expressar esse entendimento coletivo comum da importância do mapa do caminho", disse ela, lembrando que foi o próprio presidente que mencionou a proposta em seus discursos na Cúpula dos Líderes.

"Estamos ecoando esse chamado que ele fez e também liderando uma coalizão mais ampla, porque sabemos que há muitos países que estão comprometidos com a ciência e com seus povos", afirmou. "Esta COP pode ser aquela que muda a história do multilateralismo climático. O que estamos pedindo à presidência é que esteja a altura disso".

Ex-ativista ambiental, Vélez-Torres disse que são há um bloco de países que vem mantendo a posição de sempre de impedir que o tema da transição dos fósseis avance.

"Os países produtores de petróleo estão tentando focar apenas na adaptação climática. Mas os recursos financeiros para adaptação não são suficientes se não lidarmos com a raiz deste problema, que são os combustíveis fósseis", afirmou.

"Estamos aqui insistindo porque ainda acreditamos que uma mudança no texto é possível. Esta COP não terminou".


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