Cientistas sobre falta de combustíveis fósseis em texto da COP30: 'traição à ciência'
O texto mais recente das negociações da COP30 causou reações fortes entre cientistas brasileiros e internacionais, que criticaram a ausência da expressão “combustíveis fósseis” e classificaram o recuo como uma “traição à ciência”.
Em nota conjunta divulgada nesta sexta-feira (20), eles afirmam: “Apesar de um grande número de países se unirem em torno de roteiros para acabar com a dependência de combustíveis fósseis e com o desmatamento – e do impulso dado pelo presidente do Brasil – as palavras ‘combustíveis fósseis’ estão completamente ausentes do texto mais recente”, destacando que o silêncio sobre o tema contraria a urgência do aquecimento global.
Os pesquisadores alertam que essa omissão rompe com compromissos climáticos já assumidos. “Isso é uma traição à ciência e às pessoas, especialmente os mais vulneráveis”, diz o documento, que reforça ser “impossível limitar o aquecimento a níveis que protejam as pessoas e a vida sem eliminar gradualmente os combustíveis fósseis e acabar com o desmatamento”. A declaração reúne nomes como Carlos Nobre, Paulo Artaxo e Thelma Krug.
A pesquisadora Marina Hirota reforça que ignorar o tema compromete a estabilidade climática. “A inclusão da eliminação gradual dos combustíveis fósseis é fundamental para a manutenção de vida no planeta da forma como conhecemos hoje”, afirma. Ela adverte ainda que, sem avanços reais, “vamos começar cada vez mais a sentir os impactos socioeconômicos e as perdas e danos recorrentes principalmente dos eventos extremos”.
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ASSUNTOS: COP30