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COP30-Incêndio interrompe negociações climáticas da COP30 enquanto secretário-geral da ONU pede acordo

Por Reuters

20/11/2025 17h00 — em
COP30



Por Kate Abnett e Sudarshan Varadhan e Simon Jessop

BELÉM (Reuters) - As negociações da cúpula climática COP30 foram interrompidas nesta quinta-feira por um incêndio no local, provocando a retirada de pessoas no momento em que os negociadores se preparavam para tentar chegar a um acordo para fortalecer os esforços climáticos internacionais.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, havia apelado no início do dia para que a cúpula chegasse a um acordo, acolhendo apelos por mais clareza sobre o disputado tema de levar o mundo a abandonar combustíveis fósseis.

Autoridades disseram que o incêndio em um pavilhão do complexo da conferência do Clima COP30, em Belém, foi controlado sem feridos, já que a equipe de segurança ordenou a saída de milhares de delegados do amplo edifício.

Segundo organizadores, o local da cúpula não deve ser reaberto antes das 20h.

A cúpula na cidade amazônica de Belém, no Brasil, já havia perdido o prazo autoimposto de quarta-feira para garantir um acordo entre os quase 200 países presentes sobre questões como formas de aumentar o financiamento climático e de se afastar dos combustíveis fósseis.

O Brasil sugeriu uma minuta de acordo nesta quinta-feira, que não incluía um roteiro para a transição dos combustíveis fósseis, disseram dois negociadores à Reuters, embora o documento ainda esteja em discussão.

As emissões provenientes da queima de combustíveis fósseis retêm o calor na atmosfera da Terra e são, de longe, as que mais contribuem para o aquecimento.

Faltam menos de 48 horas para o término previsto da cúpula e para se chegar a um consenso, o que o Brasil, país anfitrião, considera etapa crucial para acelerar a ação climática internacional e demonstrar um amplo apoio para acelerar a transformação de décadas de promessas e compromissos das cúpulas da COP em ações concretas.

"Uma coisa é certa: estamos no limite, e o mundo está de olho em Belém", disse Guterres.

 

COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS

A negociação de duas semanas ficou presa a duas questões -- o futuro dos combustíveis fósseis e a entrega do financiamento climático -- que expõem as divergências entre os blocos de negociação dos países ocidentais ricos, os produtores de petróleo e Estados menores mais vulneráveis às mudanças climáticas.

Seguindo o exemplo do Brasil, dezenas de países, incluindo nações desenvolvidas e em desenvolvimento, pressionam por um roteiro que estabeleça como os países devem fazer a transição para o abandono dos combustíveis fósseis.

Outros, incluindo algumas nações produtoras de combustíveis fósseis, resistem, argumentando que a medida deve aumentar a burocracia sem melhorar os compromissos já assumidos para reduzir as emissões.

A cúpula climática COP28 em 2023 concordou, após uma longa discussão, com uma transição, mas as nações não definiram como -- ou quando -- isso se dará.

"Estou perfeitamente convencido de que um compromisso é possível", acrescentou Guterres, acrescentando que são necessárias medidas urgentes para garantir que o aquecimento global não ultrapasse 1,5º Celsius em relação à era pré-industrial, um limite que, segundo os cientistas, desencadearia uma cascata de impactos devastadores.

 

ADAPTAÇÃO ÀS MUDANÇAS

Outro grande ponto de atrito nas negociações diz respeito à relutância de algumas nações mais ricas em garantir financiamento para os países mais pobres se adaptarem às mudanças climáticas, disseram três fontes envolvidas nas negociações.

Os países em desenvolvimento já estão profundamente desconfiados de uma promessa de financiamento climático de US$300 bilhões feita no ano passado na COP29, em Baku, especialmente porque os Estados Unidos se retiraram da cooperação climática internacional sob o comando do presidente Donald Trump.

"Neste momento, nosso povo está perdendo suas vidas e meios de subsistência devido a tempestades de força sem precedentes que estão sendo causadas pelo aquecimento dos mares", disse Steven Victor, ministro da Agricultura, Pesca e Meio Ambiente da nação insular de Palau, no Pacífico.

"Se sairmos de Belém sem um resultado transformador sobre a adaptação para os mais vulneráveis do mundo, será um fracasso", avaliou.

Autoridades europeias concordam que o financiamento para a adaptação é importante, mas afirmam que não foram autorizadas a concordar com novas metas.

 

PERÍCIA

O incêndio ocorreu em pavilhão na chamada "zona azul" no complexo da conferência. Em entrevista a diversos veículos, o ministro do Turismo, Celso Sabino, afirmou que o local foi esvaziado por questões de segurança.

"Esse procedimento de evacuação é um procedimento padrão, de segurança", disse Sabino a jornalistas. "Precisamos ter uma perícia para identificar o que causou esse incidente", afirmou o ministro, acrescentando que não houve feridos.

Imagens da Reuters mostram o estrago do fogo no local, com parte do teto totalmente destruída.

(Reportagem adicional de Lisandra Paraguassu e Adriano Machado, em Belém)


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