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Delator de caso Marielle afirma que está jurado de morte por miliciano

Por Portal Do Holanda

09/05/2018 7h23 — em
Brasil


Foto: Divulgação

RIO - A testemunha disse que decidiu procurar a Polícia Federal para contar o que sabe porque está jurada de morte pelo miliciano Orlando Oliveira de Araújo, que cumpre pena na Cadeia Pública Bandeira Stampa, conhecida como Bangu 9. Segundo o delator, Orlando acredita que sua prisão no ano passado, feita pela Subsecretaria de Inteligência da Secretaria Segurança, pela Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) e pela Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), é resultado de uma denúncia feita por ele. A testemunha contou que se afastou da milícia em setembro:

— Orlando foi preso um mês depois. Ele acha que a denúncia foi minha. Não tive nada com isso.

O delator admitiu que instalava TV a cabo clandestina com dois policiais militares na comunidade da Boiúna, em Jacarepaguá. Até que Orlando assumiu todo o controle da favela há cerca de dois anos, obrigando a testemunha a trabalhar para a quadrilha. Segundo ele, a milícia na Boiúna fatura R$ 30 mil por mês com a exploração de “gatonet”, venda de gás e mototáxis.

— Em 2015, Orlando de Curicica matou um dos meus sócios e me procurou. Deixou claro que eu poderia morrer também. Entreguei tudo para ele e entrei para a quadrilha. Até acontecer um problema: pedi para sair, mas ele não deixou. Passei, então, a ser uma espécie de segurança. A tarefa principal era dirigir para o filho e a mulher dele.

O GLOBO acompanhou o caso do delator desde o início. Em 24 de abril, ele e o seu advogado foram à Superintendência da Polícia Federal, na Praça Mauá. Alegou que não confiava na Polícia Civil. Quando o delator contou os detalhes por trás do crime de Marielle, a PF decidiu acionar o delegado Rivaldo Barbosa, chefe da Polícia Civil. No dia 30 de abril, com a garantia de que receberia proteção, a testemunha prestou o primeiro depoimento ao delegado Giniton Lages, da Divisão de Homicídios (DH), responsável pelas investigações do assassinato de Marielle e do motorista Anderson Gomes.

DEPOIMENTOS SOB SIGILO EM CLUBE DO EXÉRCITO

Para manter o sigilo das investigações, a testemunha foi ouvida no Círculo Militar, clube do Exército na Praia Vermelha. O depoimento de oito horas foi acompanhado por delegados federais e agentes da inteligência da Polícia Civil. No último sábado, acompanhado de seu advogado, o delator voltou a depor por mais oito horas no mesmo lugar. Os policiais apresentaram fotografias de suspeitos e buscaram informações sobre assassinatos nos quais Orlando estaria envolvido. O terceiro depoimento aconteceu anteontem, desta vez, na Divisão de Homicídios, na Barra.

 


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O Portal do Holanda foi fundado em 14 de novembro de 2005. Primeiramente com uma coluna, que levou o nome de seu fundador, o jornalista Raimundo de Holanda. Depois passou para Blog do Holanda e por último Portal do Holanda. Foi um dos primeiros sítios de internet no Estado do Amazonas. É auditado pelo IVC e ComScore.

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