Amigo de conversas e troca de livros e discos do Amazonino Mendes, de quem foi secretário de comunicação, chefe da casa civil e secretário de cultura, Robério Braga afirmou que as obras deixadas pelo ex-governador, ex-prefeito e ex-senador falecido no último dia 12 são equivalentes às de Eduardo Ribeiro, permanecendo até os dias atuais.

“Sem querer desmerecer os demais governadores, posso dizer que Eduardo Ribeiro e Amazonino foram os maiores governadores deste estado”, afirmou Robério, citando a Universidade do Estado do Amazonas (UEA) como uma obra sem parâmetros na política amazonense, a exemplo de obras de Ribeiro que permanecem até os dias de hoje.

Robério cita que antes da UEA, Amazonino já tinha planejado uma universidade para o Amazonas, era a Universidade dos Trópicos Úmidos, que iria funcionar no município de Presidente Figueiredo. O então governador chegou a publicar um decreto criando grupo de trabalho, que, no entanto, não foi para a frente.

O ex-secretário afirma tinha laços familiares com Amazonino que vêm desde a época da política estudantil, quando foi colega de escola e faculdade da esposa de Amazonino, Tarcila Mendes, também já falecida.

Quando Amazonino foi prefeito de Manaus em 1983, Robério foi chamado por Gilberto Mestrinho para atuar no então jornal A Notícia, dirigido na época pelo empresário Francisco Garcia, com o objetivo de criar uma relação de amizade com o empresário e possibilitar o diálogo com o veículo de comunicação com a administração municipal. 

Amazonino admirava a mãe de Robério, dona Sebastiana Braga, com tinha uma relação de filho, tanto que construiu uma escola batizada com nome dela mesmo quando a professora ainda estrava viva.

De acordo com Robério, que trabalhou na equipe de advogados em praticamente todas as eleições de Amazonino, por conta da amizade grande entre os dois havia um acordo de que Robério escreveria a história de Amazonino.

Mas o livro não se concretizou, segundo Robério, porque nas inúmeras conversas, ele não tinha tempo para falar sobre o passado. “Amazonino pensava sempre para frente, o que podia ser feito pelo estado dali para a frente”, afirmou.

Entre as curiosidades, ele cita que Amazonino gostava de filmes de bang-bang e uma vez em que o ex-governador estava internado, levou alguns para ele, que o mandou abrir uma maleta e mostrou o acervo que já tinha no local para passar o tempo. 

Robério destaca a admiração de Amazonino pelos escritores e poetas amazonenses. Era amigo de Thiago de Mello e adorava a poesia de Luiz Bacelar, a quem considerava o maior poeta da língua portuguesa.

A admiração do ex-governador pela cultura o levou a criar conselho consultivo de cultura com o objetivo de remunerar os escritores e artistas que não tinham renda.

Quando secretário de Cultura de Amazonino, Robério teve o aval para fazer o gigante Festival Amazonas de Ópera, com atrações internacionais, que está na 24ª edição, mesmo com mudanças do projeto original. 

No mesmo período de governo, foi criada a Orquestra Amazonas Filarmônica, o Corpo de Dança, o Liceu de Artes e Ofício Cláudio Santoro. 

Ao lembrar que nos aniversários dele,  comemorado dia 16 de novembro, Amazonino gostava de isolar, no último, comemorado ano passado, quis reunir os amigos e a família em um churrasco. Robério não pode comparecer pois estava com Covid-19. Mas no Natal, ainda se reuniram e conversaram sobre livros e filmes, como faziam sempre. 

“Ele era de boa conversa e por isso gostava de jogar dominó, sinuca, ouvir música, tinha coleção de discos, inclusive de MPB, gostava de cozinhar, de ir ao supermercado comprar azeites”, detalha Robério, revelando os fortes laços de amizade que agora são saudades e sempre de profunda admiração.