Com US$ 246 milhões em exportações registradas em 2014, a Recofarma Indústria, empresa do grupo The Coca-Cola Company, mantém oito anos consecutivos de liderança em vendas para o exterior, no Amazonas, conforme o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. A marca, entretanto, representa redução de 15% em relação ao anterior, resultado atribuído pela empresa às variações do cenário econômico mundial.

Os concentrados de refrigerantes e bebidas produzidos pela Recofarma abastecem, além do Brasil, os mercados da Colômbia, Venezuela e Equador. O diretor de Assuntos Governamentais e Alianças Estratégicas da Coca-Cola Brasil, Victor Bicca Neto, ao receber pela empresa o título de Exportadora do Ano, na solenidade promovida pela Federação das Indústrias do Estado do Amazonas, dedicou o reconhecimento aos 25 anos da empresa no Polo Industrial de Manaus, completados em 26 de abril.

“Temos em Manaus uma produção de concentrados que nos dá oportunidade de levar ao Brasil inteiro um pedacinho da Amazônia, pois toda Coca-Cola consumida no país vem dos concentrados da Recofarma, sendo assim, são mais de 250 milhões de brasileiros tendo a chance de beber uma Coca-Cola feita no Amazonas”, disse o diretor.

Bicca Neto revelou que o aumento da produtividade das 180 fórmulas que atendem o mercado brasileiro e de exportação é certo nos próximos anos. A perspectiva é decorrente da conclusão da maior fábrica engarrafadora da linha de bebidas da Coca-Cola no mundo, localizada em Itabirito, Minas Gerais, que teve investimento na ordem de US$ 258 milhões e será inaugurada em 11 de junho.

O diretor da Coca-Cola anunciou que a Companhia projetou R$ 14 bilhões de investimentos no país no período da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos no Brasil, de 2012 a 2016. Enfatizou, ainda, que neste ano o investimento deve alcançar R$ 2 bilhões nos processos que envolvem o complexo de fábrica de 9 engarrafadoras (RJ, ES, SP, GO, TO, DF, MT, RS e SC) e na fábrica de concentrados, a Recofarma, no Amazonas. O Sistema Coca-Cola no Brasil emprega diretamente 66 mil funcionários e gera 600 mil empregos indiretos.

Nas atividades da Recofarma, a Coca-Cola é responsável por gerar renda para mais de 11 famílias da região que fornecem insumos, como cana de açúcar, guaraná e açaí, ao processo da produção das formulas de concentrados produzidos na fábrica do PIM, onde contam com 300 funcionários.

A FIEAM também homenageou o presidente da Samsung Eletrônica da Amazônia, Chun Jae Lee, Industrial 2015, o proprietário da Sabores de Tradição Indústria Alimentícia D’Amazônia, Jorge Neves, o Microindustrial 2015, e entregou Medalha do Mérito Industrial ao empresário Jaime Benchimol e ao deputado estadual Serafim Corrêa. A solenidade, no Clube Trabalhador, contou com presença do governador do Amazonas, José Melo, para quem a FIEAM foi muito feliz na escolha dos homenageados, que representam a indústria amazonense, com geração de emprego e renda para o Estado.

“A FIEAM reconhece pessoas e empreendimentos que demonstram competitividade com produtos, serviços inovadores e ações mobilizadoras, contribuindo para o desenvolvimento social e econômico da região”, acrescentou o anfitrião da noite, Antonio Silva.

Oportunidades da crise

        
O diretor-presidente da Bemol-Fogás, Jaime Benchimol, na ocasião, destacou as lições impostas pela crise econômica, com efeito saneador nos mercados. “As empresas que sobrevivem são as mais eficientes, com adoção de práticas mais produtivas e melhor capacidade de adaptação ao novo cenário”, aponta o empresário.

“As ineficiências e os excessos organizacionais acumulados nos anos de prosperidade precisam ser eliminados nos primeiros meses de recessão ainda que a custo financeiro, emocional e humano elevado. As medidas são dolorosas, mas necessárias para salvar as empresas e os empregos dos que nelas permanecem”, sugeriu Benchimol.

De acordo com o economista, empresários precisam reduzir custos e preços, oferecer mais informações aos clientes, errar menos nos serviços e inovar mais para se diferenciarem e conviverem com mais competição nos mercados que atuam. Ao destacar a necessidade das empresas se adaptarem ao ambiente adverso e evoluírem, Benchimol explicou que a sobrevivência nesse ambiente de Darwinismo empresarial dependerá das ações enérgicas tomadas agora a seu favor.

Sobre futuro da Zona Franca de Manaus, o estudioso afirmou que é hora de defender e atualizar o modelo local, baseado na disponibilidade de incentivos fiscais e federais, que gerou US$ 35 bilhões de faturamento do PIM, volume equivalente à totalidade da safra brasileira de soja.

E o momento é de buscar alternativas econômicas a partir das vocações reais do Estado como turismo, mineração, piscicultura, atividades agrícolas, além de reconsiderar a exploração das riquezas nativas como madeira, castanha, essências, peixes ornamentais que sustentaram a economia sem incentivos fiscais durante décadas no passado, além da indústria de tele-serviços e call-centers.

“Precisamos agir agora, formatar alternativas, remover o excesso de burocracia, controles e restrições, inclusive as ambientais que paralisam os investimentos e nos condenam ao atraso. Como líderes empresariais, precisamos aproveitar o momento para nos inserirmos em um mundo com menos incentivos federais, com menos regulação, com menos privilégios, com mais competição, com mais capitalismo e com mais liberdade para empreender”, enumerou.

Carga tributária pesada

O microempresário Jorge Neves, que produz para exportação o Bolo Amazônico, criticou a carga tributária. “É grande e, por isso, muitas microempresas fecham em pouco menos de dois anos”, disse. O empreendedor destacou que, na informalidade, trabalhando durante três anos aos domingos na Feira da Eduardo Ribeiro, faturava três vezes mais o que ganha hoje.