Tortura em delegacia é uma ferida aberta que nunca cicatriza
O vídeo que mostra um homem sendo torturado por outros detentos dentro de uma delegacia no interior do Amazonas, é um desses episódios que desafiam qualquer discurso institucional sobre segurança pública e o respeito aos direitos humanos.
O direito à vida e à segurança são garantias fundamentais. Mas entre o texto da Constituição e a realidade há um abismo.
O Estado, que tem o dever de assegurar esses direitos, mostra-se incapaz de fazê-lo integralmente. E não apenas por ausência de vontade, mas por um dado elementar: não é onisciente nem onipresente. Age por meio de pessoas, de estruturas humanas e materiais, frequentemente insuficientes para enfrentar as múltiplas faces da criminalidade.
No caso de Santa Isabel do Rio Negro, o cenário é ainda mais simbólico. A tortura ocorreu dentro de uma Delegacia de Polícia — espaço que deveria representar o primeiro bastião da legalidade e da repressão ao crime.
Quando a barbárie se instala dentro da casa que deveria combatê-la, a mensagem transmitida é devastadora: o Estado não apenas falha, mas falha dentro de si mesmo.
Homem é torturado por presos em delegacia no Amazonas e vídeo viraliza; PC investiga
ASSUNTOS: Amazonas, Santa Isabel do Rio Negro, tortura em delegacia
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.