Prisão de Bolsonaro tem potencial para incendiar o País
- O Brasil voltou ao centro da turbulência. A prisão preventiva de Jair Bolsonaro, decretada por Alexandre de Moraes, dominou o noticiário e colocou novamente o país em estado de alerta.
- A decisão do ministro soa apressada, com potencial para incendiar o Pais, onde nada termina e nada começa direito. Onde uma crise atropela a outra, empurrando para o rodapé temas que mereceriam manchete.
- Onde suspeitas convivem com certezas anunciadas, onde decisões coexistem com dúvidas não resolvidas, e onde o interesse público tenta sobreviver a disputas políticas, institucionais e pessoais.
Há relatos de descumprimento de cautelares, movimento atípico da tornozeleira e até articulação política na porta de casa. Se tudo isso é suficiente ou não para justificar a prisão, é algo que ainda dependerá do próprio curso dos fatos — e, talvez, de um país cansado de viver à beira de novas rupturas.
Moraes, como relator, tem conduzido a maior parte dessas decisões. Mas o STF, em diferentes momentos, acompanhou seus votos. Isso encerra o debate sobre parcialidade? Não necessariamente. Nem o confirma, nem o dissolve.
O clima institucional é tenso demais para conclusões fáceis. A dúvida, aqui, ainda é um personagem vivo.
E o contexto recente — a movimentação da tornozeleira, a vigília de aliados, a acusação de descumprimentos — pode, para alguns, ser lido como indícios que reforçam suspeitas antigas de tentativa de fuga. Para outros, pode ser apenas ruído, exagero, interpretação forçada.
A verdade é que nada disso está fechado. Tudo está no ar, flutuando, dependendo de quem olha, de como olha e do que deseja enxergar.
Enquanto isso, um fato institucional gigantesco passa quase despercebido: Lula indicou Jorge Messias, amigo pessoal, para a vaga de Barroso no STF. A escolha irritou parte do Senado, contrariou Davi Alcolumbre e reacendeu discussões que, em condições normais, ocupariam o debate público por semanas. Mas não ocupam. Foram engolidas pela crise da hora.
ASSUNTOS: Alexandre de Moraes, Brasil, Prisão de Bolsonaro, tornozeleira rompida
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.