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Pombas na mira. O assédio como arma de poder


Por Raimundo de Holanda

24/09/2025 18h36 — em
Bastidores da Política



Assédio é uma palavra curta, mas com significado profundo. Carrega em si histórias de medo, humilhação e silêncio. Vai além da vítima individual: corrói ambientes de trabalho, perpetua relações de poder abusivas e mostra o quanto ainda estamos distantes de uma cultura de respeito.

O caso noticiado pelo Portal do Holanda expõe essa realidade. Um ex-funcionário de uma empresa do Distrito Industrial de Manaus contou ter sido alvo de xingamentos, ameaças e comentários de cunho sexual vindos de seu superior. Foi demitido pouco tempo depois de denunciar, e o agressor apontado seguiu no cargo, recebendo apenas uma advertência.

O assédio era tão intenso e sem limites que o chefe disse: "mede a cabeça da minha pomba".

Não se trata apenas de indenizações ou processos. O que está em jogo é a dignidade da pessoa e a saúde do ambiente de trabalho. Enquanto a Justiça faz sua parte, é preciso que empresas e gestores entendam que assédio não pode ser tolerado em hipótese alguma.

"Uma funcionária acusou o chefe de ter dito que se ela cometesse um erro, comeria o rabo dela"

Lamentar não basta. É hora de enfrentar o problema com seriedade, criando uma cultura de respeito, acolhimento e proteção. Do contrário, continuaremos a conviver com uma ferida aberta que expõe o atraso de nossas relações.

O tema é abrangente, e não se limita apenas às relações de trabalho. Ele está presente também no campo eleitoral, no econômico e até no doméstico, sempre reproduzindo a mesma lógica de poder e intimidação.

Combatê-lo, portanto, é mais do que aplicar a lei — é um desafio de consciência coletiva e de evolução social que o Brasil ainda precisa enfrentar.

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ASSUNTOS: assédio moral e sexual, Manaus, Zona Franca

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.