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Antônio Rodrigues ex-volante do Fla troca bola por livro

Por Portal Do Holanda

30/09/2014 15h32 — em
Esportes




Foto: Pedro Veríssimo

 

Ele foi do time principal do Flamengo e da seleção brasileira sub-20, Antônio Carlos Rodrigues Júnior começou no futebol de salão. Dos 12 aos 21 anos, defendeu o Flamengo, onde cumpriu todas as etapas na base até ser promovido aos profissionais em 2010, após uma passagem pelo CFZ . E quando parecia que daria – naturalmente – continuidade à carreira, decidiu largar o futebol, no ano seguinte, após empréstimo ao Duque de Caxias (RJ). Hoje, a então joia rubro-negra é aluno do quarto período de Engenharia de Produção na Universidade Federal Fluminense (UFF).

“ No Caxias pude ter tranquilidade e equilíbrio para pensar na minha carreira e na vida. Cheguei à Seleção, tive lesão e fui emprestado ao CFZ. Retornei ao profissional do Flamengo e vivi o entusiasmo de ser titular. No Caxias, estava numa situação intermediária, aí pude avaliar minha carreira e fazer projeções concretas para ver o que eu queria. Não foi o fato de jogar no Caxias que me desestimulou. Isso facilitou a minha decisão, por estar numa situação equilibrada: nem no entusiasmo do Fla, nem em um clube da Segunda Divisão do Rio, como o CFZ. Não teve dia D, nem nada. Fui amadurecendo a ideia, não foi depois de um jogo ou de uma lesão que decidi mudar radicalmente de vida” explica o ex-atleta, de 25 anos. 

Hoje a bola é apenas uma lembrança do futebol na prateleira do quarto. Ao lado dela, livros didáticos de espessuras variadas tomam conta do móvel  e não deixam dúvidas: o esporte foi chutado para escanteio, enquanto a vida acadêmica assumiu o protagonismo da história.

Aos 16 anos, Antônio se destacava na base do Flamengo e na Seleção. A boa fase na carreira profissional, segundo ele, mascarou sua vontade e dificultou que ele enxergasse o que desejava para a própria vida. Quando o fez, no entanto, notou que o futebol não atendia às suas expectativas.

 “É uma questão de perfil. As pessoas pensam diferente. Eu tinha valores e desejos que no futebol seriam mais difíceis de alcançar. Gosto de amizades, vínculos duradouros, e no futebol cada hora você está em um lugar. Eu vi que estava perdendo isso, estava com poucos amigos na época. Foi algo que fez diferença. Fora isso, toda a bagagem cultural que minha família me deu, o meio onde convivi durante a minha infância, começou a pesar. No futebol, isso não é valorizado. Pegar um livro no ônibus indo para o estádio é visto com estranheza ou mesmo como algo errado. Isso me fazia mal, porque gosto. Sou um cara curioso e comecei a ver incompatibilidades entre a minha personalidade e o mundo do futebol. Foi por isso que revi e tomei a decisão de partir para outra área”.

Abandonar o futebol, é claro, não foi das decisões mais simples. Amigos e o pai, seu grande incentivador, demoraram a compreender a posição de Antônio. Afinal, após mais de uma década, ele estava prestes a abrir mão da profissão justamente quando, enfim, havia alcançado um patamar tão sonhado.

“Atingi um estágio avançado na carreira, tenho consciência disso, porque apliquei muito esforço para estar ali. Muitas pessoas não entendiam por que eu estava tomando aquela decisão. Em alguns casos, até criticavam. Meus pais tinham receio por não saberem se eu estava tomando essa atitude por insegurança ou por vontade própria. Com o meu pai, precisei de uns quatro jantares para explicar melhor a situação. Meus amigos falavam: "Antônio, você tem futuro. Não larga, não". A coisa ficou clara quando me viram estudando todos os dias e fazendo vestibular depois de cinco anos”.

 


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O Portal do Holanda foi fundado em 14 de novembro de 2005. Primeiramente com uma coluna, que levou o nome de seu fundador, o jornalista Raimundo de Holanda. Depois passou para Blog do Holanda e por último Portal do Holanda. Foi um dos primeiros sítios de internet no Estado do Amazonas. É auditado pelo IVC e ComScore.

ASSUNTOS: Antônio Rodrigues, bola, Fla, livro, Esportes

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