Pais de Benício cobram ação da Câmara após morte por erro médico em Manaus
Manaus/AM - Os pais de Benício Xavier, de 6 anos, morto após receber uma dose incorreta de adrenalina durante atendimento em um hospital particular de Manaus, participaram nesta quarta-feira (3) de uma sessão na Câmara Municipal de Manaus (CMM). Convidados pelo vereador João Paulo Janjão (Agir), Joyce e Bruno Freitas usaram a tribuna para cobrar ações que evitem novas mortes decorrentes de erros médicos e para pedir o apoio dos parlamentares na busca por justiça.
Visivelmente abalados, os pais relataram o atendimento que resultou na morte da criança e defenderam mudanças urgentes nos protocolos de saúde. Bruno Freitas fez um apelo direto aos vereadores, afirmando que as famílias confiam nos profissionais de saúde para salvar vidas, não para correr riscos evitáveis. “O que queremos é garantir que nenhuma criança seja vítima de um erro tão básico e devastador”, disse.
Após o pronunciamento, vereadores manifestaram solidariedade à família. O Professor Samuel (PSD) afirmou que a tragédia sensibilizou toda a cidade e se colocou à disposição para colaborar. Já Sérgio Baré (PRD) destacou que o momento exige união dos parlamentares para apoiar a investigação e fortalecer mecanismos de prevenção no sistema de saúde.
A morte de Benício segue em investigação pela Polícia Civil. O Conselho Regional de Medicina do Amazonas (CRM-AM) instaurou processo ético para apurar a conduta da médica responsável pelo atendimento, Juliana Brasil Santos, que admitiu ter prescrito a adrenalina de forma equivocada. A técnica de enfermagem que aplicou o medicamento também foi afastada pelo hospital. O caso é apurado como homicídio doloso qualificado, embora a Justiça tenha negado o pedido de prisão preventiva da médica por falta de fundamentos suficientes.
De acordo com o delegado Marcelo Martins, documentos e depoimentos já analisados indicam que houve grave falha na condução do atendimento. A investigação busca definir responsabilidades e esclarecer se houve crueldade na prática do ato. Enquanto o processo segue, a família de Benício reforça o apelo por mudanças estruturais na rede de saúde e pela adoção de medidas que impeçam que outras crianças passem pela mesma tragédia.
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