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Casais indígenas de 13 etnias realizam casamento coletivo no Amazonas

Por Portal Do Holanda

24/04/2023 18h17 — em
Amazonas


Foto: Acyane do Valle e Ascom/Prefeitura de São Gabriel da Cachoeira

Manaus/AM - Um casamento coletivo de 26 casais indígenas de 13 etnias ocorreu em São Gabriel da Cachoeira, na última quinta-feira (20), no Amazonas. O município é considerado o mais indígena do Brasil por registrar a maior população autodeclarada indígena, conforme o último censo do IBGE.

O juiz-corregedor auxiliar do Amazonas, Áldrin Henrique Rodrigues, celebrou o casamento coletivo. (Foto: Ascom/Prefeitura de São Gabriel da Cachoeira)De acordo com a Corregedoria-Geral de Justiça do Amazonas (CGJ/AM), a cerimônia contou com casais das etnias Baniwa, Dessano, Baré, Kubeo, Tuyuka, Tukano, Barassana, Tariano, Arapasso, Piratapuya, Ybamasã, Hupda e Wanano. O casamento foi celebrado pelo juiz-corregedor auxiliar do Amazonas, Áldrin Henrique Rodrigues.

Ao se dirigir diretamente aos casais, que capricharam no visual, o magistrado comentou sobre o amor, do sentimento que podemos entregar ao outro. “Compreender o outro é sempre muito mais difícil, é preciso tolerância, paciência e respeito”, acrescentou, enfatizando que o amor vence qualquer barreira. O magistrado elaborou, especialmente para a ocasião, um texto para os noivos, intitulado “Um lugar encantado”:

“Cedo a chuva se fez presente como se quisesse derramar bênçãos de Tupã sobre a terra. Guaraci, o sol, também quis presenciar o momento solene do amor. Os pássaros cantaram anunciando que haveria festa na floresta e novos enlaces. Estávamos, pois, diante de um lugar encantado com seres míticos que nem mesmo tínhamos tamanha dimensão da grandeza: as matas, a lua, o sol, a força da água e, o principal, a magia do amor que nos invadiu tão fortemente, fazendo-nos iguais e irmãos “manos ou parente”, sem patentes, sem títulos, apenas iguais, mas também únicos. Era um lugar encantado com sua história, suas línguas, cultura e povo, mas unidos por um único elemento: o amor." (Áldrin Rodrigues).

Tradução - Ao realizar a clássica pergunta ao primeiro casal, se eles aceitavam casar-se, o questionamento a ambos precisou ser traduzido para a língua baniwa, pois os dois não entendiam o português. O juiz finalizou a celebração, declarando “casados” nas línguas tukano, baniwa e nheengatu, um dos momentos de grande emoção no Ceti Pedro Fukuyei Yamaguchi Ferreira, na sede de São Gabriel da Cachoeira. “A cerimônia buscou valorizar os povos originários, estudei e finalizei a celebração em quatro línguas: tukano, baniwa, nheengatu e português”, disse o juiz, que passou a ser o primeiro a finalizar uma cerimônia de casamento coletivo em quatro línguas, sendo três de povos originários.

“Iara pessuri pemendai uá”, palavras em nheengatu – língua falada por vários grupos de indígenas – e que em português significam “que seu casamento seja feliz”, foram ditas pelo mestre de cerimônia, Rony Santos, antes de chamar os recém-casados para a foto oficial.

O evento foi organizado pela Prefeitura do Município, através da Secretaria Municipal de Assistência Social, em parceria com o cartório extrajudicial de São Gabriel e com apoio da CGJ e do Tribunal de Justiça do Amazonas. De acordo com o Município, o projeto do casamento coletivo tem o objetivo de promover a regularização jurídica de casais que não tiveram condições ou oportunidade de oficializar a união.


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